Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A produtividade da safra de 2024 dos cafezais do sul e centro-oeste de Minas Gerais, maior Estado produtor de café do Brasil, deverá superar as projeções iniciais na área de atuação da Cooxupé, disse o presidente da principal cooperativa de cafeicultores de grãos arábica do país nesta terça-feira.
"Estamos finalizando a segunda estimativa de safra, e já podemos dizer --a estimativa ainda não está concluída--, podemos dizer que nós teremos uma produtividade acima de 29,5 (sacas/hectare estimadas inicialmente)", disse Carlos Augusto de Melo durante debate entre produtores promovido pela Sociedade Rural Brasileira (SRB).
As 29,5 sacas por hectare previstas inicialmente para 2024 nas principais regiões produtoras da Cooxupé ficariam abaixo das 29,8 sacas/ha registradas em 2023, segundo números da cooperativa.
Mas Melo indicou que a projeção inicial será superada, explicando que dados levantados antes pela Cooxupé eram preliminares. A colheita de arábica começa entre maio e junho.
Ele disse que a área em produção de café no sul e centro-oeste de Minas Gerais deverá crescer em 10 mil hectares na comparação com a temporada passada, para 187,155 mil hectares, segundo números que consideram a região de atuação da Cooxupé.
A produção estimada nessas regiões mineiras tem potencial de superar 5,5 milhões de sacas de 60 kg, segundo números apresentados, versus 5,3 milhões da temporada passada.
A Cooxupé também tem expectativa de aumento na produtividade do café em suas áreas de atuação de São Paulo, com a colheita por hectare subindo para 36,2 sacas, versus 32,4 sacas no ano passado.
Com isso, a produção paulista dos cooperados da Cooxupé deverá atingir cerca de 622 mil sacas, com crescimento apesar de um recuo da área em produção ante 2023, indicaram os números em uma apresentação.
CONILON
O evento da SRB também reuniu outros importantes representantes do setor produtivo, como o presidente da Cooabriel, Luiz Carlos Bastianello.
Enquanto a Cooxupé é a principal cooperativa de produtores de café arábica, a Cooabriel, com sede no Espírito Santo, é a maior do país para grãos conilon, cuja safra deverá ficar abaixo do potencial, reafirmou Bastianello.
À Reuters, ele reiterou que a Cooabriel mantém a previsão de que a colheita de conilon, que começa no Espírito Santo em abril, poderá ficar até 25% abaixo do potencial produtivo, devido às altas temperaturas e à falta de chuva nos últimos meses de 2023.
Ele disse que, apesar de o clima ter melhorado desde dezembro, isso não altera a projeção de safra, que deve ter estabilidade ou ser um pouco maior do que a vista em 2023.
"Achávamos também que pudesse ter uma recuperação das perdas com o retorno das chuvas, mas isso não aconteceu de acordo com nossa constatação", afirmou.
Ele disse que o produtor tem aproveitado os preços favoráveis, diante de uma menor oferta de café do Vietnã, que produz uma variedade semelhante à da Cooabriel.
"Estamos orientando o produtor que o momento é de oportunidade... Se essa dinâmica virar, e o Vietnã começar a colocar café no mercado, isso pode mudar", afirmou ele, lembrando que o preço do conilon tem sido negociado acima de 800 reais a saca, um valor historicamente elevado, e o produtor tem aproveitado.
"Outra coisa que estamos visualizando também é que estamos no início de safra", afirmou, indicando que o produtor tem tirado proveito antes da entrada da nova colheita no mercado.
Segundo Bastianello, a colheita do conilon no Espírito Santo deve começar de forma antecipada, na segunda quinzena de abril.
(Por Roberto Samora)