LONDRES (Reuters) - O crescimento da demanda global de café está desacelerando conforme as economias emergentes enfrentam adversidades, reduzindo expectativas de que o Brasil ultrapassará os Estados Unidos como o maior consumidor do mundo.
A Ásia continua a ser a ponta de lança do crescimento da demanda, mas os temores sobre a desaceleração econômica chinesa limitarão as taxas de crescimento vistas nos últimos anos.
"Os países asiáticos estão puxando o crescimento do consumo de café, mas o problema é que as economias em dificuldades irão desacelerar o crescimento visto na última década, especialmente na China e na Índia", disse Stefan Uhlenbrock, um analista sênior de commodities softs da F.O. Licht.
Kona Haque, chefe de pesquisa da ED&F Man, disse que espera que Ásia e a África permaneçam como forças do crescimento do consumo do café, mas disse que a qualidade do café consumido pode cair onde os consumidores estavam sendo atingidos em sua maioria pela recessão econômica.
Dentre as economias emergentes que lideraram o crescimento da demanda nos últimos anos, o Brasil é agora o elo mais fraco, disseram operadores.
O mercado de café tem sustentado a visão de que a rápida expansão econômica do país nos últimos anos iria impulsioná-lo para superar os Estados Unidos e se tornar o maior consumidor do mundo, enquanto também é o maior produtor de café global, mas tais expectativas foram agora colocadas em espera.
"O Brasil é uma das áreas onde os ajustes de consumo podem ser necessários", disse Haque." O Brasil terá dificuldades para ver o crescimento de consumo na escala em que estava observando".
Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da associação da indústria de café do Brasil (Abic), disse à Reuters que não espera que o consumo no país cresça neste ano, nas atuais condições econômicas.
"Também não é provável que caia, devemos ter estabilidade em 20,3 milhões de sacas, que foi o que tivemos no ano passado", afirmou.
(Por David Brough; reportagem adicional por Reese Ewing)