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Distribuidoras de gás esperam que novo governo dê continuidade a mudanças no setor

Publicado 12.11.2018, 09:21
© Reuters. Funcionário passa por estação de regulação de gás natural em Cubatão, São Paulo
PETR4
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Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - Distribuidoras de gás natural no Brasil avaliam que o novo governo, que se posiciona como mais liberal, dará continuidade às reformas já em curso, potencialmente atraindo investimentos bilionários em infraestrutura nos próximos anos, disse à Reuters um dirigente da Abegás.

O remodelamento das regras do setor, retirando da Petrobras (SA:PETR4) a exclusividade na comercialização de gás natural no país, é defendido há algum tempo pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado.

O governo federal e a ANP estão realizando uma ampla reforma regulatória, visando atrair novos concorrentes para a Petrobras no setor de gás. Há, inclusive, uma chamada pública sobre novos ofertantes do insumo em andamento.

Com o presidente eleito Jair Bolsonaro e sua equipe econômica liderada por Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, assumindo o governo a partir de janeiro, a entidade espera pela concretização de algumas mudanças.

"Pelo que demonstra, ele (Bolsonaro) é pragmático. Até a forma de o governo atuar é mais liberal... A abertura de mercado, a abertura para novos agentes, é uma agenda que não dá para retroceder. Acho que o governo Bolsonaro vai reforçar essa agenda", afirmou o gerente de Estratégia e Competitividade da Abegás, Marcelo Mendonça.

As atuais regras do setor apresentam diversos impedimentos para a chegada de novos ofertantes de gás, como por exemplo limitações de acesso à infraestrutura de transporte e de processamento da Petrobras, dentre outras inúmeras questões, embora "um terço da produção esteja nas mãos de outros agentes", disse ele.

"É preciso um mercado mais aberto, mais competitivo, para se ter mais infraestrutura", comentou o gerente da Abegás, que reúne 22 associadas em seu quadro.

A Abegás projeta 32 bilhões de dólares em investimentos em um período de dez anos, envolvendo desde novos terminais de gás natural liquefeito (GNL) e gasodutos de escoamento da produção e de transporte até expansão do serviço de distribuição de gás canalizado e armazenamento e estocagem.

CLIMA

Esses dez anos de investimentos praticamente coincidem com o prazo assumido pelo Brasil no Acordo do Clima de Paris, elaborado após a COP-21, para reduzir em mais de 40 por cento suas emissões de gases do efeito estufa até 2030, tendo por base os níveis de 2005.

Na avaliação de Mendonça, o gás natural poderia desempenhar papel importante para que o país alcance seus objetivos climáticos, privilegiando o produto na geração de energia em termelétricas em detrimento do óleo diesel, muito mais poluente.

Isso também reduziria os custos com geração, pouparia os reservatórios de hidrelétricas e compensaria as fontes solar e eólica em caso de não produção, destacou o gerente da Abegás.

"É preciso fazer um releitura do setor elétrico", resumiu ele.

Conforme dados do governo, o gás natural responde por 8 por cento da capacidade instalada de geração do Sistema Elétrico Nacional, acima do 1 por cento de diesel e bem atrás dos 60 por cento da hidrelétrica.

© Reuters. Funcionário passa por estação de regulação de gás natural em Cubatão, São Paulo

Enquanto mudanças não ocorrem, o setor comemora o aumento no consumo de gás, diante da retomada econômica. Em agosto, por exemplo, a demanda pela indústria foi recorde.

(Por José Roberto Gomes)

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