Investing.com - Os EUA restauraram as tarifas de importação sobre aço brasileiro e argentino na manhã desta segunda-feira, segundo o presidente dos EUA Donald Trump em um tweet, que aproveitou o anúncio da medida para reiterar críticas à condução da política monetária pelo Federal Reserve, comandado pelo chairman Jerome Powell. A medida deve impactar a cotação das empresas siderúrgicas listadas na B3, como CSN (SA:CSNA3), Gerdau (SA:GGBR4) e Usiminas (SA:USIM5).
Trump justifica a adoção de tarifas após a desvalorização do real e do peso argentino em relação ao dólar, o que "não seria benéfico aos fazendeiros americanos". Por isso, em contrapartida, o presidente americano anunciou a restauração sobre os produtos siderúrgicos dos dois países. A taxação do aço e do alumínio importado pelos EUA foi o pontapé inicial da guerra comercial, no início do ano passado. Na ocasião, o alvo era os produtos siderúrgicos, mas impactavam as mercadorias oriundas de outros países.
"O Federal Reserve deveria agir igualmente a esses países, que são muitos, que tomam vantagem sobre o nosso dólar forte", twittou Trump pressionando o Federal Reserve a acelerar o corte de juros. O presidente americano faz há um ano críticas à política monetária promovida pelo Federal Reserve que, segundo ele, estaria provocando uma valorização na moeda norte-americana. Em dezembro do ano passado, Trump teria consultado seus assessores econômicos sobre a possibilidade de uma eventual demissão de Powell do comando da autoridade monetária.
As moedas nacionais de Brasil e Argentina efetivamente se desvalorizaram durante 2019, cada uma por motivos distintos. Apesar de o dólar tenha se tornado mais forte em 2019 em relação à maioria das moedas do mundo, na Argentina o risco de calote em meio à recessão econômica e a troca da política econômica após a derrota do presidente liberal Maurício Macri pelo kirchnerista Alberto Férnandez nas eleições presidenciais deste ano pesaram para uma perda de 59% do valor da moeda argentina em relação ao dólar. Em 2 de janeiro, o peso era cotado a 37,65 pesos por dólar, enquanto no fechamento do pregão da última sexta-feira o preço da moeda argentina era de 59,92 pesos por dólar. Durante o ano, o pico foi de 62,84.
No caso do real, a alta do dólar ocorre devido à diminuição do diferencial de juros, com o corte da taxa básica de juros conduzida pelo Copom desde julho ser maior que a flexibilização monetária promovida pelo Fed. Além disso, o Brasil teve saldo líquido negativo de fluxo cambial, de US$ 20 bilhões, o maior em 20 anos. Na semana passada, o dólar atingiu sua maior cotação nominal no Plano Real, quando atingiu R$ 4,2773 na última terça-feira. No ano, o dólar acumula valorização de 9,14% em relação ao real, iniciando 2019 cotado a R$ 3,8813.