Por Maximilian Heath e Dominique Patton e Hugh Bronstein
BUENOS AIRES/PEQUIM (Reuters) - Os pecuaristas da Argentina, que recentemente superou o vizinho Brasil e se tornou o maior exportador de carne bovina para a China, esperam manter esse status com a aprovação de mais unidades frigoríficas locais por Pequim, disseram à Reuters autoridades do setor e outras fontes.
Um grupo industrial argentino está na China neste momento para promover os famosos bifes T-bone e filés do país sul-americano, enquanto equipes chinesas inspecionaram recentemente unidades de carne na Argentina, segundo as fontes.
O esforço, após um salto massivo nas exportações argentinas de carne bovina para a segunda economia mundial neste ano, destaca como a China está disposta a diversificar seu suprimento de proteínas, agitando o comércio global de carnes em um momento em que a peste suína africana afeta sua criação doméstica de porcos.
Trata-se também de um ganho importante e inesperado para a terceira maior economia da América Latina, que luta para sair de uma profunda recessão e enfrenta uma grave crise fiscal à espera das eleições de outubro, que provavelmente darão início a um novo governo.
A Argentina, que tradicionalmente exporta cortes menos nobres para a China, viu a receita de suas vendas de carne bovina ao país asiático mais que dobrarem, atingindo 870 milhões de dólares nos sete primeiros meses deste ano, de acordo com dados da agência oficial de estatísticas Indec.
Dados alfandegários chineses mostram a quantidade em cerca de 185.604 toneladas de carne bovina argentina, o que deixa o país sul-americano com a maior parcela do mercado importador chinês, com 21,7%, levemente à frente dos 21,03% do Brasil, maior exportador global. O volume representa ainda um salto de 129% na comparação com o ano anterior.
Santiago del Solar, chefe de gabinete do ministro da Agricultura argentino, disse à Reuters que ainda há muitos abatedouros aguardando por aprovações, e que a China está trabalhando de perto com o órgão de segurança alimentar argentino, o Senasa.
"Teremos notícias nos próximos meses de mais abatedouros de porcos, aves e bovinos sendo aprovados pela China", disse ele, acrescentando que o Senasa está realizando algumas inspeções em nome da China através de um "sistema de honra".
Pecuaristas argentinos querem mais. Uma delegação comercial está neste momento na China para reuniões com possíveis compradores da carne do país, disse à Reuters um membro do setor com conhecimento dos encontros.
A fonte acrescentou que uma equipe chinesa esteve recentemente na Argentina para visitas a frigoríficos locais.
"Os chineses estiveram em Buenos Aires na semana passada, fizeram inspeções e houve um bom progresso. A questão das plantas é muito boa, mas a China faz as aprovações quando quer fazê-las", disse.
Miguel Schiariti, presidente da CICCRA, câmara argentina do setor, disse que uma equipe chinesa também realizou uma inspeção via vídeo-conferência em conjunto com o Senasa.
"Há 11 unidades prontas para a aprovação, mas (os chineses) estão fazendo isso uma por uma. A aprovação está demorando bastante", disse.
(Reportagem de Maximilian Heath e Hugh Bronstein em Buenos Aires, Dominique Patton em Pequim)