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EXCLUSIVO-China usa navios iranianos para manter fluxo de petróleo em meio a sanções dos EUA

Publicado 20.08.2018, 10:07
© Reuters. Bandeira da China é vista na província de Shandong

Por Chen Aizhu e Florence Tan

PEQUIM/CINGAPURA (Reuters) - Compradores chineses de petróleo iraniano estão começando a transferir suas cargas para embarcações de propriedade da National Iranian Tanker (NITC) para quase todas as importações, de modo a manter o fornecimento fluindo em meio à reimposição de sanções econômicas pelos Estados Unidos.

A mudança demonstra que a China, maior cliente de petróleo do Irã, quer continuar comprando petróleo iraniano apesar das sanções, que foram restabelecidas depois que os EUA se retiraram em maio de um acordo de 2015 para suspender o programa nuclear iraniano.

Os Estados Unidos estão tentando deter as exportações iranianas de petróleo para forçar o país a negociar um novo acordo nuclear e conter sua influência no Oriente Médio. A China disse que se opõe a quaisquer sanções unilaterais e defendeu seus laços comerciais com o Irã.

A primeira rodada de sanções, que incluiu regras que cortam o Irã e quaisquer empresas que negociam com o país do sistema financeiro dos EUA, entrou em vigor em 7 de agosto. A proibição de compra de petróleo iraniano começará em novembro. As seguradoras, que são principalmente americanas ou europeias, já começaram a encerrar seus negócios iranianos para cumprir as sanções.

Para salvaguardar seus estoques, a estatal Zhuhai Zhenrong e o Sinopec Group, maior refinador da Ásia, ativaram uma cláusula em seus contratos de longo prazo com a National Iranian Oil Corp (NIOC), que permite que eles usem petroleiros operados pela NITC, disseram quatro fontes com conhecimento direto do assunto.

Eles falaram sob condição de anonimato, pois não tinham permissão para falar publicamente sobre acordos comerciais.

O preço do petróleo sob os contratos de longo prazo foi alterado para uma base "ex-ship", ante termos anteriores de "free-on-board", o que significa que o Irã cobrirá todos os custos e riscos de entregar o petróleo bruto, bem como lidar com o seguro, disseram as fontes.

"A mudança começou muito recentemente, e foi praticamente uma demanda simultânea de ambos os lados", disse uma das fontes, uma executiva de petróleo sediada em Pequim.

Em julho, todos os 17 petroleiros fretados para transportar petróleo do Irã para a China foram operados pela NITC, de acordo com dados do transporte do Thomson Reuters Eikon. Em junho, oito dos 19 navios afretados eram operados por chineses.

No mês passado, esses petroleiros carregaram cerca de 23,8 milhões de barris de petróleo bruto e condensado destinados à China, ou cerca de 767 mil barris por dia (bpd). Em junho, as cargas foram de 19,8 milhões de barris, ou 660 mil bpd.

Em 2017, a China importou uma média de 623 mil bpd, segundo dados da alfândega.

© Reuters. Bandeira da China é vista na província de Shandong

O Sinopec recusou-se a comentar sobre a mudança nos petroleiros. Um porta-voz do Nam Kwong Group, controlador da Zhenrong, não quis comentar.

A NIOC não respondeu a um e-mail pedindo comentários. Um porta-voz da NITC disse que enviaria um pedido da Reuters para um comentário ao Ministério da Cultura e Orientação Islâmica do país.

(Por Chen Aizhu, em Pequim, e Florence Tan, em Cingapura; reportagem adicional de Parisa Hafezi, em Ancara)

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