Exportação de soja argentina atinge máxima em ao menos 7 anos após suspensão de taxas

Publicado 25.09.2025, 11:42
Atualizado 25.09.2025, 14:42
© Reuters.

Por Maximilian Heath

BUENOS AIRES (Reuters) - As exportações de soja da Argentina atingiram seu nível mais alto em pelo menos sete anos, com embarques totalizando 10,5 milhões de toneladas declaradas pelas empresas em 2024/25, depois que o país suspendeu os impostos de exportação de grãos nesta semana, segundo o governo.

As declarações juramentadas de exportação (DJVE) de todo o ciclo 2024/25 superaram assim as 10,1 milhões de toneladas declaradas na temporada 2018/19, a cifra mais alta no registro de DJVE disponível no site da Secretaria Argentina, que se estendem até a campanha 2017/18.

Nesta semana, o governo argentino suspendeu temporariamente os impostos sobre as exportações de grãos, que no caso da soja é de 26%, com o objetivo de aumentar a oferta interna de moeda estrangeira para sustentar o peso argentino, o que desencadeou muitos negócios.

A medida gerou vendas de US$7 bilhões nesse período, um limite de cota que estabeleceu a duração da suspensão.

A Reuters perguntou ao Ministério da Agricultura se o valor seria o mais alto já declarado pelos exportadores para uma temporada, mas o ministério disse que não poderia dar uma resposta imediata.

Registros da agência estatal de estatísticas INDEC mostram que a Argentina exportou um total de 11,6 milhões de toneladas em 2015. No entanto, os dados do INDEC não são separados por ano-safra e, em um ano, as vendas de grãos de diferentes estações podem ser informadas ao mesmo tempo.

Após a suspensão temporária, a Argentina reintroduziu os impostos de exportação sobre grãos e seus derivados depois de suspendê-los temporariamente, pois atingiu a meta de vendas de US$7 bilhões, informou a agência fiscal argentina ARCA em um post nas mídias sociais.

FRENESI BREVE E CONFUSÃO

A suspensão temporária acelerou o já intenso apetite da China pela soja argentina nos últimos meses, dada a guerra comercial entre Pequim e os Estados Unidos, que forçou os compradores chineses a buscar mercados alternativos aos EUA Unidos, um importante fornecedor do país asiático.

Desde que a Argentina anunciou a medida na segunda-feira, segundo compradores chineses, eles compraram pelo menos 20 carregamentos de soja argentina, o que o analista Johnny Xiang, da AgRadar Consulting em Pequim, descreveu como um "breve frenesi" de negócios.

"Os compradores domésticos (chineses) foram atraídos pelos preços baixos e fizeram grandes compras de soja, principalmente para embarque em novembro", acrescentou Xiang.

Por sua vez, o líder agrícola argentino Santiago del Solar criticou a medida do governo, descrevendo-a como surpreendente e confusa. "De um dia para o outro, a fixação de tarifas de exportação em zero (por cento) criou um gargalo tremendo", pressionando os preços, observou.

Na Argentina, os exportadores repassam o imposto de exportação do governo ao preço que pagam aos agricultores pelos grãos. Analistas disseram que a eliminação do imposto de 26% representou um aumento de US$100 no valor da soja. No entanto, nunca atingiu esse pico.

"Os US$ 100 por tonelada de impostos de soja inicialmente chegaram a US$60, depois a US$ 50 e depois a US$ 40", observou del Solar. "Como precedente, é muito ruim porque pensamos: ’No ano que vem, farão de novo’", disse ele.

CHOQUE DE PRODUTOS

Enquanto isso, após a janela oferecida pelo governo local, o mercado argentino de grãos permanecerá ativo apesar do retorno dos impostos, já que as empresas poderiam declarar vendas ao exterior sem necessariamente ter as mercadorias em sua posse para fazê-lo.

"Os compradores, principalmente de soja, devem continuar originando (comprando) mercadorias porque declararam muitas vendas, mas não compraram totalmente essa mercadoria", disse a especialista em agronegócio Lorena D’Angelo, que trabalha em Rosário, sede do maior mercado de grãos da Argentina.

"Hoje, pode-se estimar que eles tenham escassez de mercadorias, o que os forçará a permanecer ativos", observou a analista.

D’Angelo explicou que, como os exportadores devem permanecer ativos e devido à menor oferta de grãos após as fortes vendas internas recentes, os preços não retornarão aos níveis anteriores ao decreto presidencial.

Na quinta-feira, a soja estava sendo negociada a US$340 por tonelada, abaixo do fechamento de quarta-feira, de US$348, mas bem acima do nível de preço de quase US$300 da semana passada.

"Nestes dois dias restantes da semana, as negociações desacelerarão significativamente, levando em consideração o que foi feito nos dias anteriores, mas o mercado permanecerá ativo", disse ela.

(Por Maximilian Heath)

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