SÃO PAULO (Reuters) - O centro-sul do Brasil, principal região produtora de cana do país, vai produzir menos açúcar que o esperado em 2015/16, de acordo com a consultoria e corretora INTL FCStone, que reduziu sua projeção para 31,3 milhões de toneladas.
Na projeção de maio, a FCStone estimava uma produção de 32,1 milhões de toneladas. Pelo dado da consultoria divulgado nesta sexta-feira, o maior produtor global de açúcar registrará recuo de 2,2 por cento na temporada 2015/16 ante a passada, com as usinas destinando mais cana para a fabricação de etanol.
O total de cana destinada para a produção do biocombustível na safra 2015/16 foi estimado pela corretora em 58,1 por cento, ante 57,3 por cento na projeção de maio. Na safra passada, o índice foi de 57 por cento, com o restante sendo direcionado ao açúcar.
Dessa forma, a produção de etanol foi estimada em 26,8 bilhões de litros, ante 26,4 bilhões em maio e 26,1 bilhões na temporada passada, segundo a FCStone, que elevou a projeção de moagem de cana em 1,6 por cento ante o número anterior, para 592,2 milhões de toneladas.
"Com chuvas acima do esperado em maio e julho, além daquelas que já haviam sido registradas em fevereiro e março, a expectativa de produtividade agrícola da maioria das usinas aumentou em relação às projeções feitas no primeiro semestre do ano", disse a consultoria, em relatório.
Segundo a FCStone, essa elevação da previsão de moagem se deve, além do maior TCH (toneladas de cana por hectare) previsto pelas usinas, às chuvas abaixo da média entre a segunda metade de julho e agosto, que permitiram moagem diária superior a 3,1 milhões de toneladas no período, nível recorde para o centro-sul.
Entretanto, as condições meteorológicas propícias do primeiro semestre, somadas à redução na taxa de renovação dos canaviais e ao menor uso de repressor floral levaram muitas áreas a apresentar taxas consideráveis de florescimento, contribuindo para a redução do ATR (Açúcar Total Recuperável) médio projetado, que ficou em 132,5 kg/tonelada de cana, uma queda de 3 por cento em relação à temporada passada. A FCStone projetava em maio 135,2 kg/t de ATR.
Com os preços do etanol competitivos frente à gasolina em várias regiões e muitas usinas em dificuldades financeiras vendendo o produto a valores relativamente baixos para fazer caixa, a expectativa é de estoques mais reduzidos ao final da safra.
"A baixa construção de estoques de etanol até o momento deve levar ao aumento das cotações no final da safra, oferecendo possibilidade de lucros significativos com o carrego do produto", disse Botelho, apontando que as empresas que têm condições de segurar vendas do biocombustível poderão se beneficiar mais tarde.
(Por Roberto Samora)