SÃO PAULO (Reuters) - Em ambiente de sobreoferta de energia em meio à crise econômica, o leilão de energia de reserva previsto para julho não mais será realizado, afirmou nesta quinta-feira o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.
Ele disse ainda que um segundo certame do gênero, mais amplo, previsto para outubro, está confirmado.
"Tínhamos dois leilões previstos… mas temos que endereçar o problema grande no setor, como o problema da sobrecontratação… estamos estudando a fonte desses leilões e o preço da geração e o custo de transporte dessa energia", disse o ministro a jornalistas, após participar da abertura de um evento no Rio de Janeiro.
O leilão de energia de reserva anteriormente agendado para 29 de julho teve 10,2 gigawatts em projetos cadastrados, com amplo domínio das usinas solares, representando 9,2 gigawatts da oferta. Também tinham sido credenciados projetos de pequenas e micro hidrelétricas.
Segundo o ministro, o governo do presidente interino Michel precisa de um tempo para dar "um freio de arrumação" no setor elétrico, que, segundo ele, encontra-se desorganizado em todos os segmentos (geração, transmissão e distribuição).
Muitas distribuidoras estão sobrecontratadas diante de um ambiente de crise econômica e menor consumo de energia.
"Seria um contrassenso em momento de sobreoferta, quando estamos fazendo um trabalho enorme para resolver essa questão, contratar mais energia", adicionou ele, destacando que a equipe do setor elétrico que vai definir o novo modelo ainda está sendo montada.
A proposta é realizar em outubro um leilão mais amplo que poderá, possivelmente, contemplar aquilo que estava planejado para o certame de julho.
Na palestra, o ministro prometeu trabalhar dentro do governo para dar mais isonomia tributária aos geradores solares no Brasil e revelou que pretende instalar painéis fotovoltáicos na sede de ministérios, em Brasília.
"Não será só o MME que contará com os painéis solares. Estamos formatando um projeto para levarmos a todos os prédios da Esplanada dos Ministérios."
Coelho Filho aproveitou o evento para confirmar alguns nomes da nova equipe de governo na área de energia. Luiz Barroso, que era da consultoria PSR, será o novo presidente da Empresa de Pesquisa Energética, e Wilson Ferreira Jr., o novo presidente da Eletrobras (SA:ELET3). Eles vão substituir Maurício Tolmasquim e José da Costa Neto, respectivamente.
ELETROBRAS
Na rápida entrevista na saída do evento, o ministro confirmou que o governo estuda um amplo plano de desinvestimento na Eletrobras.
A empresa tem uma dívida bilionária e precisa vender alguns ativos para fazer frente ao endividamento e levantar recursos para novos investimentos.
A Eletrobras tem participação em mais de cem empresas de propósito específico (SPEs) no setor de energia e estimativas apontam que a arrecadação com a venda de parte desse ativos poderia alcançar até 20 bilhões de reais, reiterou ele.
Por ora, o primeiro ativo da estatal a ser vendido deve ser a distribuidora de energia Celg-D, cujo leilão já foi programado para agosto deste ano.
Outras distribuidoras sob controle da Eletrobras certamente entrarão no programa de desinvestimento da companhia, reafirmou ele.
(Por Rodrigo Viga Gaier)