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Governo federal fará leilões de energia em 2016 mesmo com demanda menor, diz EPE

Publicado 04.03.2016, 13:10
Atualizado 04.03.2016, 13:20
© Reuters.  Governo federal fará leilões de energia em 2016 mesmo com demanda menor, diz EPE
ELET3
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RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo federal deverá promover diversos leilões de energia neste ano para a contratação de novos projetos, mesmo com uma menor demanda por eletricidade no país, afirmou nesta sexta-feira o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim.

"Vamos ter todos os leilões: A-3, A-5 e de reserva, mesmo com demanda baixa... com certeza vai ter”, disse ele a jornalistas em evento no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Ele admitiu, no entanto, que a expectativa é que haja pouca demanda pela contratação de projetos nos leilões A-3 e A-5, que contratam usinas para entrar em operação em três e cinco anos, respectivamente.

"Grande parte das distribuidoras está sobrecontratada", disse.

Segundo Tolmasquim, o governo federal ainda não definiu se fará um ou dois leilões de reserva, que têm como objetivo reforçar a segurança do sistema e, por isso, não dependem da demanda das distribuidoras.

Já está definido, no entanto, que os leilões de reserva contratarão usinas solares, eólicas e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs e CGHs).

“No leilão de reserva temos mais flexibilidade para contratar e não depende da distribuidora. Queremos manter também a cadeia produtiva ativa e com encomendas”, explicou.

Executivos de energia eólica chegaram a comentar mais cedo nesta semana que há preocupação no mercado com uma possível desaceleração de contratações, justamente devido a um temor de que a falta de leilões gere ociosidade na indústria.

Nesta semana, o governo anunciou o adiamento para 29 de abril do que seria o primeiro leilão de energia para contratar novos projetos em 2016, o A-5.

Segundo o presidente da EPE, é possível que os leilões fiquem para o segundo semestre.

"“Temos um excedente estrutural de energia muito grande".

REVISÃO EM PROJEÇÕES

A EPE também deverá revisar para baixo a projeção de demanda por energia deste ano, o que possivelmente levará a uma expectativa de queda no consumo. A atual previsão da estatal aponta para alta de 1 por cento em 2016.

"Certamente essa previsão de 1 por cento vai ser revista para baixo e existe possibilidade de (o novo número) ser negativo”, disse Tolmasquim.

Segundo ele, a ideia é também rever projeções de mais longo prazo, nos horizontes de 5 e 10 anos. O presidente da EPE acrescentou, sem detalhar números, que a demanda vai continuar se expandindo, mas será “menor do que se previa, um ritmo mais baixo”.

A revisão ordinária dos números aconteceria em maio, mas o movimento pode ser antecipado para abril diante das evidências de uma mercado consumidor mais fraco.

ABENGOA

Tolmasquim classificou como preocupante o atraso em linhas de transmissão no país da espanhola Abengoa, que passa por fortes dificuldades financeiras e entrou com pedidos de recuperação judicial na Espanha e no Brasil.

Ele afirmou que o ideal é que se encontre uma solução para o problema no curto prazo, de preferência no primeiro semestre deste ano, uma vez que as linhas que seriam construídas pela empresa são muito importantes para o sistema.

Tolmasquim, no entanto, disse que os ativos da Abengoa não devem ficar com a estatal federal Eletrobras (SA:ELET3), que chegou a comentar que avaliava os empreendimentos da Abengoa.

“Muito provavelmente uma empresa privada vai entrar (nos ativos da Abengoa)...são negociações entre privados”, disse o presidente da EPE.

A estatal está fazendo simulações sobre as consequências do atraso nas obras da companhia sobre o futuro escoamento da energia de usinas do sistema brasileiro, principalmente Belo Monte.

A Abengoa faria duas linhas que levariam para o Nordeste a energia da usina, que está sendo construída no Pará e quando pronta será a terceira maior hidrelétrica do mundo.

Segundo Tolmasquim, há evidências que mostram que será possível escoar a produção para a região Norte.

Ele também comentou que a demanda menor minimiza relativamente a pressão para conclusão das obras da empresa. "Claro que a demanda mais baixa reduz o risco“.

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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