Por Alexandra Valencia
QUITO (Reuters) - Ambientalistas e grupos indígenas do Equador disseram nesta quinta-feira que o presidente Daniel Noboa corre o risco de ser destituído do cargo se não cumprir um referendo que exigiu o fechamento de um bloco de petróleo na região amazônica do país.
No ano passado, a maioria dos equatorianos votou pelo fechamento do bloco 43-ITT para proteger a reserva Yasuni na Amazônia, e o tribunal superior do país concedeu um ano para a remoção da infraestrutura de petróleo na região.
Recentemente, Noboa ventilou a ideia de adiar o fechamento do bloco, citando como motivo os recursos necessários para financiar a ofensiva militar declarada por ele para combater as gangues criminosas que ele designou como terroristas em meio à violência crescente.
A estatal Petroecuador já havia dito anteriormente que o fechamento do bloco -- que produz cerca de 55.000 barris de petróleo por dia -- poderia ser iniciado em agosto.
"Se o presidente assinar um documento declarando que não cumprirá a vontade do povo..., o Tribunal Constitucional terá que remover o presidente, nós nos encarregaremos de apresentar acusações criminais", disse a jornalistas Pedro Bermeo, do grupo de defesa ambiental Yasunidos, que trabalhou pelo referendo.
Durante a mesma entrevista coletiva, Leonidas Iza, presidente do maior grupo indígena do Equador, a Conaie, ameaçou levar o caso ao tribunal superior do Equador e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), se necessário.
"Os democratas respeitam a vontade do povo", disse Iza. "Os oportunistas se aproveitam da vontade do povo para seus próprios fins. O presidente Noboa está no ponto de revelar se é um oportunista ou um democrata."
O governo não respondeu a pedidos de comentários.
O fechamento do bloco pode custar ao Equador cerca de 13,8 bilhões de dólares nas próximas duas décadas e resultará na perda de 12% da produção de petróleo do país, de cerca de 492.000 bpd, de acordo com a Petroecuador.
(Reportagem de Alexandra Valencia)