Por Kieran Guilbert
DACAR (Thomson Reuters Foundation) - O pior surto de Ebola do mundo e a violência militante no oeste da África podem ter fechado escolas na região, mas governos devem ver crises e conflitos como uma oportunidade para reformar e melhorar a educação, afirmou uma especialista nesta quarta-feira.
As escolas devem educar seus alunos sobre conflitos e desastres, oferecer apoio psicológico e passar técnicas de sobrevivência que as crianças podem compartilhar com suas comunidades, disse a coordenadora da Rede Interinstitucional para a Educação em Situação de Emergência (INEE), Jessica Hjarrand.
"Conflito e crises são um ponto de ruptura para reforma educacional. Países podem reconstruir sistemas melhores, tornar as escolas mais fortes e focar informações que podem salvar vidas", declarou.
Ela fez os comentários durante uma conferência sobre educação da Organização das Nações Unidas (ONU) em Dacar, no Senegal, que discutiu a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
A ONU adotou, em setembro, o conjunto de 17 objetivos que tratam de temas que vão desde pobreza até mudanças climáticas, incluindo uma iniciativa para alcançar a educação universal gratuita por volta de 2030.
Cerca de 37 milhões de crianças em idade escolar no mundo estão fora da escola em países afetados por crises, segundo um relatório do Instituto de Desenvolvimento Externo, um centro de análises com base no Reino Unido.
No oeste da África, algumas escolas reabriram recentemente na Nigéria e no Mali, depois de serem fechadas há mais de 18 meses por causa de, respectivamente, ataques dos militantes do Boko Haram contra alunos e conflito entre grupos armados e militantes islâmicos.
Aulas em Guiné, Libéria e Serra Leoa, países afetados pelo surto de Ebola, também foram retomadas no início deste ano, após terem sido interrompidas por pelo menos seis meses, no esforço para conter a doença.
Se a coordenação entre ministérios governamentais melhorar e se medidas de prevenção a doenças e ações de segurança forem fortalecidas, escolas não teriam que necessariamente fechar durante futuros conflitos e surtos de Ebola, disse Jessica.
"Ficar na escola dá proteção às crianças, não somente do conflito em si, mas também de explorações como tráfico e recrutamento para grupos armados", afirmou a coordenadora do INEE, rede educacional que reúne 130 organizações de 170 países.