Por Hallie Gu e Dominique Patton
PEQUIM (Reuters) - Chineses adquiriram pelo menos 20 cargas de soja brasileira na semana passada devido à incerteza sobre um acordo comercial com os Estados Unidos, com os asiáticos correndo para garantir suprimentos, disseram operadores nesta segunda-feira.
Os importadores também buscaram grãos da safra futura do Brasil em meio a margens atraentes, disseram dois traders que não quiseram ser identificados.
As compras devem ser entregues quando a nova colheita chegar ao mercado no início do próximo ano, disseram eles.
Algumas cargas dos EUA e da Argentina também foram encomendadas na semana passada, disse um dos traders, com compras totais de cerca de 30 cargas.
Os compradores chineses compraram significativamente menos soja do seu segundo maior fornecedor, os Estados Unidos, este ano, devido às altas tarifas de importação, que deverão ser suspensas se os dois lados concordarem com a primeira fase de um acordo comercial.
A conclusão da primeira fase corre o risco de escorregar para o próximo ano, informou a Reuters na semana passada, deixando os compradores incertos sobre as condições do mercado.
Mesmo depois que líderes dos dois países enviaram sinais positivos em um acordo inicial para neutralizar a prolongada guerra comercial, os mercados estão preocupados com o fato de as negociações comerciais fracassarem.
"Há muita incerteza em torno dos suprimentos dos EUA, então é provavelmente uma boa ideia ter pelo menos um pouco de soja do Brasil", disse Darin Friedrichs, analista sênior de commodities na Ásia para a corretora INTL FCStone.
Após uma guerra comercial de 16 meses, os compradores de soja da China, que processa o grão para alimentar o maior rebanho suíno do mundo, ficaram com estoques apertados.
Os estoques nacionais de farelo de soja caíram para uma mínima de seis anos, de apenas 355.100 toneladas na semana que terminou em 19 de novembro.
No entanto, os processadores também estão com baixa demanda em meio ao pior surto de doenças já registrado no rebanho de suínos da China, que encolheu mais de 40% ante o mesmo período do ano passado, devido à peste suína africana.
(Com reportagem adicional de Karl Plume em Chicago)