Os distribuidores de aço preveem crescimento de 8% nas vendas neste ano. O presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, diz que apesar da pandemia, o segundo semestre está sendo bem robusto, compensando as perdas registradas nos primeiros trimestres, bem no auge da crise.
"Mesmo com previsão de queda de 5% nas vendas agora em novembro, se comparado com o mesmo período do ano anterior, a alta é expressiva, de 20% em relação a novembro do ano passado. Então, avançar 8% no ano será excelente, considerando que o PIB brasileiro cairá cerca de 4%", afirma.
Em outubro, as compras dos distribuidores de aço do País subiram 9,4% na comparação com setembro, com volume total de 346,5 mil toneladas. Em relação a outubro do ano passado (299 mil toneladas), houve avanço de 15,9%. As vendas de aços planos em outubro caíram 7,8% quando comparadas a setembro, atingindo 371,7 mil toneladas. Sobre o mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 317,7 mil toneladas, foi registrada alta de 17%.
Loureiro explica que o aumento da renda no campo, de 37%, influenciou os resultados em outubro. Varejo e serviços foram muito prejudicadas com a paralisação das atividades provocada pelo coronavírus, mas as receitas obtidas com a venda de grãos subiram bastante. Ele diz que as vendas de aço para o setor de autopeças também subiram bastante, assim como para construção civil. Também continuou forte o segmento de energia eólica, que consome bastante aço para a fabricação das torres (as pás eólicas são feitas de resinas).
Estoques
Em números absolutos, o estoque de outubro caiu 3,6% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 678,3 mil toneladas contra 703,5 mil toneladas. O giro de estoque fechou em alta com 1,8 mês.
"Em setembro e começo de outubro houve desespero pela compra. Todo mundo quis comprar mais do que precisava pra não correr o risco de não ter o produto. Isso gerou essa sensação de falta de estoque, mas não tivemos informação de que parou porque não teve aço", comenta.
Loureiro diz que o ideal é que o estoque seja equivalente a 2,5 meses ou 3 meses de venda e o abastecimento deve se normalizar mesmo com as paradas nas usinas previstas para dezembro, quando ocorrerão férias coletivas dos trabalhadores após o dia 20. A expectativa é que até o final de janeiro tudo esteja normalizado.
Aumento de preços
O aumento de preços está em discussão com a indústria, mas Loureiro não dá como certos os reajustes. Ele diz que os preços já subiram muito este ano, entre 60% e 70%, e que pode não haver espaço para novas altas, apesar de o preço internacional da commodity estar em elevação e o câmbio estar muito "esticado".
Ontem, a Companhia Siderúrgica Nacional (SA:CSNA3) (CSN) informou com exclusividade ao Broadcast que vai aumentar em 10% o preço do aço plano (laminados e folhas metálicas) a partir de 1º de dezembro. O aço longo (vergalhões) será reajustado em 12%. Os principais clientes da companhia já foram informados. Para as montadoras de automóveis, que negociam separadamente e apenas uma vez por ano, o reajuste ainda está sendo negociado, mas deve ficar em 35%, no mínimo, segundo Luis Fernando Martinez, diretor executivo da CSN.