Belén Anca López.
Madri, 31 dez (EFE).- A Espanha assume amanhã a Presidência
semestral da União Europeia (UE) com atenção especial à recuperação
econômica, às novas regras internas fixadas pelo Tratado de Lisboa e
à América Latina.
A quarta Presidência europeia da Espanha vem condicionada pela
crise econômica, cujas consequências a UE ainda sofre, e pela
necessidade de impulsionar um marco de crescimento sustentável que
permita a criação de postos de trabalho de qualidade nos próximos
anos.
Garantir a recuperação econômica e lançar uma "nova estratégia de
política econômica comum" com uma maior coordenação entre os 27
Estados-membros é um dos principais objetivos do Governo espanhol,
presidido pelo socialista José Luis Rodríguez Zapatero.
Durante o mandato espanhol, os países da UE deverão renovar a
chamada Estratégia de Lisboa, para fixar as bases do futuro modelo
econômico na próxima década.
Para o Governo espanhol, é conveniente que a saída da crise se
apoie em políticas coordenadas para que haja a retirada progressiva
dos estímulos fiscais e das ajudas ao setor financeiro aplicadas nos
últimos meses, reduzindo assim o déficit público.
Também no plano econômico, a Espanha marcou como objetivos fazer
com que a UE continue liderando a luta contra a mudança climática
depois do fracasso da cúpula de Copenhague e promover uma política
energética comum para garantir o fornecimento.
A Espanha enfrenta um Parlamento Europeu renovado em junho, uma
Comissão executiva ainda não instalada e um novo tratado que entrou
em vigor há algumas semanas após oito anos de uma gestação
problemática.
O Tratado de Lisboa, que entrou em vigor no último dia 1º,
introduz importantes mudanças na maquinaria europeia.
A Presidência espanhola é a primeira que vai transcorrer
integralmente com o novo Tratado, depois que a Suécia foi testemunha
de sua entrada em vigor há um mês.
Uma vez escolhidos o presidente estável do Conselho Europeu, o
belga Herman Van Rompuy, e a Alta Representante para a Política
Externa, a britânica Catherine Ashton, a Espanha definirá as regras
de convivência de ambos os cargos com a Presidência rotatória.
Uma das aspirações de Zapatero é reforçar a imagem de unidade da
Europa no exterior, para poder falar de igual para igual com grandes
potências.
Além disso, Zapatero afirmou recentemente que espera que este
período ajude a superar a indiferença dos cidadãos europeus a
respeito da Europa.
O Governo espanhol se propõe a reforçar a presença e influência
da UE na nova realidade internacional, tema no qual a Espanha
concede especial relevância à América Latina, sem perder peso frente
a potências como China e Estados Unidos.
O fortalecimento da cooperação antiterrorista centrará a nova
agenda de trabalho que a UE deve acordar com os EUA em cúpula que
deve contar com a presença do presidente americano, Barack Obama, no
final de maio em Madri.
A Presidência espanhola também tentará convencer seus parceiros a
revogarem a posição comum sobre Cuba e fecharem importantes acordos
comerciais e de associação com países e organizações da América
Latina, como as negociações com o Mercosul (Brasil, Argentina,
Uruguai e Paraguai), bloqueadas desde 2004.
A cúpula bienal UE-América Latina, prevista para maio em Madri,
será o palco no qual a Espanha espera dar um forte impulso a estas
negociações.
O calendário da Presidência espanhola inclui reuniões
internacionais com EUA, Rússia, Canadá, Chile, Egito, Japão,
Marrocos, México e Paquistão.
A cooperação com os países do norte da África e do Oriente Médio
também está presente na agenda, que contempla a realização de uma
cúpula com estas nações em Barcelona em junho.
Na política externa, também há a aposta por apoiar o processo de
adesão da Croácia e da Islândia e a perspectiva europeia da Turquia,
que conta com a resistência de França e Alemanha. EFE