ZURIQUE/NOVA YORK (Reuters) - O ex-presidente da CBF José Maria Marin concordou em ser extraditado para os Estados Unidos como parte de uma investigação sobre um escândalo de corrupção na Fifa, informou a Justiça Federal suíça nesta quarta-feira.
Marin é um dos sete dirigentes ligados à Fifa que foram presos em maio deste ano em um hotel de Zurique, após serem indiciados pelos EUA por acusações de corrupção.
O brasileiro é acusado de receber propinas milionárias em relação a contratos de direitos de marketing esportivo e vinha lutando até o momento contra a extradição.
Marin presidiu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de 2012 a abril deste ano e foi o presidente do comitê organizador local da Copa do Mundo de 2014.
Assim como Marin, o ex-vice-presidente da Fifa Jeffrey Webb também concordou em ser extraditado aos EUA. Webb foi liberado sob fiança, mas está em prisão domiciliar e com monitoramento eletrônico. Cinco outros ex-dirigentes continuam se opondo à extradição aos EUA, informou a Justiça Federal suíça.
Não se sabe se Marin concordou em cooperar com as autoridades norte-americanas ou em quanto tempo ele pode aparecer em um tribunal dos EUA. Advogados de Marin não puderam ser imediatamente contatados para comentar o assunto. Uma porta-voz da promotoria do Brooklyn, em Nova York, não quis comentar o assunto.
Marin mantém uma casa em Nova York, de acordo com o indiciamento dos EUA, em maio. Não ficou claro se ele teria permissão para ficar lá enquanto aguarda julgamento.
O ex-presidente da CBF era um dos dirigentes de alto escalão com quem a empresa de marketing esportivo Datisa negociou e concordou em pagar 110 milhões de dólares em subornos em troca dos direitos de mídia para torneios regionais, disseram autoridades norte-americanas. Pelo menos 40 milhões de dólares foram pagos até o momento em que as acusações foram anunciadas, segundo as autoridades.
A acusação também liga Marin a um esquema para receber subornos pelos direitos comerciais associados ao torneio Copa do Brasil.
Durante uma viagem a Miami em abril de 2014, de acordo com a acusação, Marin teve uma conversa gravada na qual discute os pagamentos devidos a ele e diz: "Está na hora de - vir em nossa direção. Verdade ou não?"
Um coconspirador que não foi identificado nos documentos judiciais concordou: "Claro, claro, claro. Esse dinheiro tinha que ser dado a você". Várias testemunhas que colaboram no caso estavam gravando suas conversas ao longo do inquérito.
(Reportagem de Silke Koltrowitz e John Miller, em Zurique; e de Mica Rosenberg e David Ingram, em Nova York)