MUSCAT (Reuters) - Com apenas duas semanas de prazo para um acordo inovador, autoridades do Irã, Estados Unidos e União Europeia reuniram-se em Omã, neste domingo, para tentar desarmar um impasse sobre o programa nuclear de Teerã.
Países ocidentais e o aliado próximo dos EUA, Israel, suspeitam que o Irã esteja secretamente procurando desenvolver armas nucleares e um confronto que durou uma década sobre a questão tem gerado riscos de uma batalha mais ampla no volátil Oriente Médio.
As discussões entre o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e a enviada da UE, Catherine Ashton, visam colocar limites verificáveis no trabalho de enriquecimento de urânio do Irã em troca de um levantamento gradual das sanções.
O Irã nega qualquer agenda secreta para a construção de armas nucleares, dizendo que quer apenas energia nuclear para fins pacíficos, mas recusou-se a limitar a capacidade de enriquecimento e sofreu represálias com sanções dos EUA, UE e do Conselho de Segurança da ONU como resultado.
As questões mais espinhosas ainda não resolvidas são o tamanho do programa de enriquecimento do Irã, a duração de qualquer acordo de longo prazo e o ritmo de retirada das sanções internacionais, de acordo com diplomatas ocidentais envolvidos nas negociações.
Com a chegada de Kerry a Omã, uma autoridade dos Estados Unidos disse que a negociação seria "uma reunião importante", com o foco em progressos, a fim de cumprir o prazo.
Kerry disse na semana passada que os Estados Unidos e seus parceiros não estavam contemplando uma extensão do prazo de 24 de novembro, embora ele tenha dito que as negociações poderiam ir além dessa data, se as principais questões fossem resolvidas e houvesse apenas detalhes técnicos para ser finalizados.
Em declarações à televisão estatal iraniana em sua chegada na capital de Omã, Muscat, na noite de sábado, Zarif reiterou que as sanções impostas ao Irã trouxeram "nenhum resultado" para o Ocidente.
"Precisamos chegar a uma solução baseada no respeito mútuo e na cooperação. Se o Ocidente está interessado em alcançar uma solução deste tipo, há possibilidade de se encontrar uma solução e chegar a um entendimento antes de 24 de novembro", disse ele.
Uma autoridade iraniana disse à Reuters que os participantes discutem "as lacunas que ainda são enormes, a capacidade de enriquecimento do Irã e uma agenda para o levantamento das sanções."
As relações do Irã com o Ocidente foram descongeladas desde que o moderado Hassan Rouhani foi eleito presidente no ano passado, buscando acabar com o isolamento internacional do Irã.
O Irã e seis países conseguiram um acordo provisório em novembro passado, pelo qual Teerã suspendeu o enriquecimento de alto grau, em troca de um relaxamento das sanções. Esse acordo de seis meses entrou em vigor no início deste ano e foi prorrogado por quatro meses, em julho.