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Na Aurora, avanço na exportação de frango pode compensar cenário adverso para carne suína

Publicado 22.04.2022, 16:26
© Reuters. Produtos da Aurora em supermercado no Rio de Janeiro (RJ) 
13/08/2020
REUTERS/Ricardo Moraes

Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de carne de frango da Aurora Alimentos, terceira maior indústria de aves e suínos no Brasil, devem aumentar 14% neste ano, em meio a oportunidades de negócios deixadas por concorrentes como Estados Unidos e Ucrânia, disse à Reuters o diretor de mercados da cooperativa, Leomar Somensi.

Com o avanço, a Aurora espera compensar parte das adversidades vistas no segmento de carne suína, para o qual se prevê estabilidade para os embarques de 2022 diante da redução no apetite de compras da China, maior importadora global.

"Não tenha dúvida, o cenário do frango é mais favorável", afirmou o executivo quando questionado sobre a possibilidade de compensação entre os resultados das duas proteínas.

Ele disse que o frango já tem uma representatividade maior que a carne de porco nas exportações da Aurora, e ainda conta com uma conjuntura positiva para os exportadores brasileiros.

"O conflito da Ucrânia com a Rússia deixou mais favorável para o frango, porque a Ucrânia exportava (para os europeus) e a Europa teve que se abastecer no mercado global", afirmou.

"Os negócios já estão acontecendo, as vendas (para a União Europeia)", acrescentou Somensi.

Reportagem da Reuters indicou, no início de março, que o ataque da Rússia à Ucrânia afetou os custos da indústria de carnes, devido à alta nos preços dos grãos usados na ração, mas um eventual recuo nas exportações ucranianas de frango abriria uma lacuna que poderia ser ocupada pelos frigoríficos do Brasil.

O diretor também destacou que as granjas dos Estados Unidos estão com problemas sanitários que afetam seu desempenho no mercado internacional.

Os norte-americanos enfrentam a doença gripe aviária que matou mais de 19 milhões de galinhas poedeiras em fazendas comerciais do país neste ano, no pior surto desde 2015, eliminando cerca de 6% das criações do país, segundo cálculos da Reuters a partir de dados de governos.

Na França o problema é ainda pior. Mais de 13 milhões de aves foram abatidas desde o final de novembro, de acordo com o Ministério da Agricultura francês, configurando a maior crise de gripe aviária no país.

Em paralelo, as exportações de carne de frango do Brasil avançaram 5,7% em março na comparação anual, totalizando 418,8 mil toneladas. No primeiro trimestre, o aumento foi de 10,2% em relação ao mesmo período de 2021, somando 1,142 milhão de toneladas, conforme dados da associação do setor ABPA.

O diretor da Aurora disse que a cooperativa registrou um crescimento de 14% nos embarques da proteína no primeiro trimestre, e deve seguir com resultados acima da média do mercado ao longo do ano.

Em 2021, a Aurora embarcou 310 mil toneladas de frango e 240 mil de carne suína, disse Somensi.

Diversificação no suíno

O executivo afirmou que, atualmente, o Brasil possui uma participação "excelente" no setor de frango no mercado global, algo que ainda não ocorre nos suínos.

"Por isso estamos trabalhando mais. Agora com Canadá já habilitado, e também tem a possibilidade de o México fazer a abertura para carne suína", disse.

© Reuters. Produtos da Aurora em supermercado no Rio de Janeiro (RJ) 
13/08/2020
REUTERS/Ricardo Moraes

Segundo ele, a Aurora já exporta a proteína para os Estados Unidos, mercado considerado relevante pela alta exigência sanitária para compra, e parte dos cortes que iriam para a China estão sendo alocados em outros países, como as Filipinas.

Após ter o rebanho devastado pela peste suína africana, a China recompôs seu nível de produção a um patamar que superou a demanda local, o que tem levado a uma redução nas compras internacionais neste ano.

 

(Por Nayara Figueiredo)

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