Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A Nestlé Purina, unidade de produção de ração para cães e gatos da Nestlé (SIX:NESN), projeta subir duas posições e atingir a liderança do mercado de "pet food" no Brasil após o início da operação, ao final de 2023, de uma unidade cuja pedra fundamental foi lançada nesta quarta-feira.
A fábrica que começou a ser construída em Vargeão, no oeste de Santa Catarina, vai atender um mercado em forte crescimento no país, que deve fechar ao ano com alta de mais de 30% em faturamento, em meio a aumentos de preços e volumes, com mais pessoas adotando "pets" no Brasil e oferecendo alimentos nutritivos aos animais na pandemia.
A Nestlé Purina, que tem crescido acima do mercado, confia que o aumento de dois dígitos nas vendas continuará nos próximos anos, no que baseou seu investimento de 1 bilhão de reais na fábrica, que pode ser ampliado em 1,5 bilhão de reais.
"Essa fábrica vai ser fundamental, não somente pela capacidade de produção, mas pelas tecnologias... vai nos impulsionar a ter um pulmão de crescimento de quantidade, mas também com tecnologias de ponta, sejam específicas de produto ou de internet das coisas...", afirmou à Reuters o CEO da Nestlé Brasil, Marcelo Melchior.
"Queremos chegar lá e vamos chegar", disse o CEO de Nestlé Purina no Brasil, Marcel de Barros, ao ser questionado sobre a busca da liderança no mercado brasileiro com a nova fábrica.
Atualmente, a companhia tem 12,5% de participação no mercado de ração de animais domésticos, em terceiro lugar no ranking do setor, que atraiu companhias como a BRF (SA:BRFS3), com aquisições no segmento em 2021 suficientes para abocanhar 10% do segmento.
Barros disse que a unidade foi projetada para receber o investimento completo de 2,5 bilhões de reais, mas a empresa vai aguardar a confirmação da demanda para executar todo o aporte previsto.
A companhia não divulgou dados sobre capacidade produtiva da nova unidade por questões estratégicas.
Na primeira fase, a Nestlé Purina disse que será instalada uma linha de alimentos úmidos ("wet") de tecnologia proprietária como um importante diferencial competitivo, que traz benefícios para uma alimentação dos pets ao preservar pedaços semelhantes ao da carne, tecnologia esta que só existe na América Latina até o momento na unidade da empresa em Ribeirão Preto.
Uma segunda fase do projeto estaria concluída no segundo trimestre de 2024, acrescentou Barros.
EXPORTAÇÃO
A Nestlé Purina já exporta a partir do Brasil para Estados Unidos, Alemanha, Itália e França, além de países da América do Sul, mas está de olho em outros mercados, como Rússia, Austrália e México.
Com a nova fábrica, pretende ampliar exportações, uma vez que projeta vender ao exterior cerca de 50% da produção da unidade, fazendo do Brasil um "hub" para vendas externas da marca.
"Estamos inserindo a Purina Brasil no 'supply' global, além de Estados Unidos e Europa, também vai exportar para Ásia e Oceania", afirmou Barros.
Segundo ele, o Brasil tem competitividade em ração animal frente a outros países por ser um grande player de matérias-primas, como soja e milho, além de possuir oferta adequada de subprodutos da indústria de carne como vísceras, utilizadas na composição do "pet food".
INOVAÇÃO
Segundo o CEO da Nestlé, o investimento da unidade Purina será no próximo ano o mais "icônico" da empresa que está completando 100 anos de atuação no Brasil.
Mas a companhia também tem feito atualizações em todas as unidades, focando sempre a inovação, característica dos produtos da companhia, comentou o executivo.
Nessa linha, ele disse que a empresa aposta "muito em cafés", envolvendo opções sofisticadas aos consumidores, ao mesmo tempo que foca a sustentabilidade nos processos, até mesmo no que se refere ao descarte das embalagens.