ONS apresentará em outubro plano para controlar usinas distribuídas e evitar apagões, dizem fontes

Publicado 22.09.2025, 17:03
Atualizado 22.09.2025, 17:07
© Reuters

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deve propor ao governo em outubro um plano emergencial para evitar blecautes que prevê cortes de geração de usinas conectadas às redes das distribuidoras, buscando mobilizar recursos de um parque gerador de 20 gigawatts (GW) sob o qual o órgão hoje não tem controle, disseram fontes com conhecimento do assunto à Reuters.

A proposta vem em meio a riscos crescentes de apagões no Brasil devido a uma combinação de excesso de geração, principalmente solar, e baixo consumo de energia, o que se agrava diante da pouca flexibilidade do ONS para gerenciar esses desequilíbrios no sistema elétrico.

Esse é um fenômeno novo que desafia o setor elétrico brasileiro, acostumado a se preocupar com o problema contrário, de falta de recursos para geração de energia. Agora, há um excesso de geração, o que causa distúrbios na frequência do sistema elétrico -- algo que pode, no limite, levar a um colapso do atendimento aos consumidores, com blecautes.

O tema ganhou relevância nos últimos meses, depois que o ONS enfrentou situações críticas nos meses de maio e agosto, em dois dias de consumo muito baixo de energia. Para evitar um desbalanço que levasse a apagão, o operador teve que reduzir ao máximo a geração de grandes empreendimentos eólicos, solares e hidrelétricos, deixando o consumo quase que totalmente atendido pelas usinas de geração distribuída, sob as quais o ONS não tem controle.

Segundo fontes, a ideia é apresentar em outubro à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um plano que prevê o corte, em momentos críticos, da geração de usinas do chamado "grupo III" -- empreendimentos das fontes solar, eólica, biomassa e também pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) que estão conectados à rede das distribuidoras.

Ao todo, esse grupo de usinas soma cerca de 20 GW, concentradas em "meia dúzia" de distribuidoras, apontou uma das fontes. O controle dessas usinas teria mais peso e relevância do que "controlar" a micro e minigeração distribuída, já que esses projetos, como telhados e fachadas solares, somam cargas muito pequenas espalhadas na rede, acrescentou.

"Nós estamos falando de uma situação onde há esgotamento de recursos e tem que tomar uma ação para manter o sistema equilibrado", ressaltou uma das fontes.

O ONS também busca junto à Aneel a definição de um regramento para que esse maior controle sobre usinas ligadas na rede de distribuição possa acontecer, uma vez que isso pode conflitar com procedimentos já em vigor.

"Falta, por exemplo, clareza no processo, as responsabilidades, tempo de resposta da distribuidora e do agente, consequências de não atender o comando", explicou uma das pessoas.

Em paralelo, o ONS vê ainda dificuldades para atendimento de potência devido à inflexibilidade em sua operação. O órgão tem pedido a realização "tempestiva" do leilão que irá contratar mais capacidade para o sistema elétrico, após atrasos do governo na organização do certame.

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