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ONS vê seca pressionar sistema elétrico do Brasil até 2022

Publicado 10.05.2021, 17:45
Atualizado 10.05.2021, 17:52
© Reuters. Sala de monitoramento do ONS, em Brasília (DF) 
11/11/2009
REUTERS/Ricardo Moraes

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O sistema elétrico do Brasil deve seguir pressionado por maiores custos até 2022, em meio a impactos do pior período de chuvas já visto em duas décadas sobre a produção das hidrelétricas, principal fonte de geração de energia no país, disse à Reuters o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

A situação deve exigir um forte uso de usinas térmicas, que aumentam custos para os consumidores, segundo o chefe do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, embora ele tenha destacado que não vê riscos de falta de suprimento ou racionamento, até devido aos impactos da crise gerada pelo coronavírus.

"Se não tivesse uma pandemia e se a economia estivesse crescendo, talvez a gente tivesse tido problema (de abastecimento) já no ano passado", afirmou.

Na semana passada, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) --formado por membros do governo e de órgãos técnicos incluindo o ONS-- aprovou a possibilidade de medidas adicionais para garantir o atendimento à demanda, incluindo maior acionamento de térmicas e importações de energia da Argentina e do Uruguai.

No período tradicionalmente marcado por mais precipitações, entre novembro e o final de março, as chuvas registradas foram as piores em 20 anos, disse Ciocchi, para quem a situação não deve ter melhoria significativa até a reta final deste ano, mesmo com um clima mais ameno nos próximos meses.

"O bom é que, com a temperatura mais baixa, a carga dá uma caída, mas estamos despachando o máximo de térmica que cabe", destacou ele.

"O objetivo é preservar o máximo possível a água que ainda tem (nos reservatórios das hidrelétricas), depois de um período chuvoso ruim."

A previsão do ONS é que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, que concentram a capacidade de armazenamento, cheguem a outubro em patamar de cerca de 20%, considerado baixo, mesmo com maior uso das térmicas e ajuda da geração eólica e solar, ante 33,8% atualmente.

"Chegar a 20% seria começar o período chuvoso com algo parecido com 2020. A ideia é usar mais térmica para igualar esse nível", disse Ciocchi.

Com o uso das termelétricas após as chuvas fracas, especialistas projetam que as contas de luz no país devem se manter mais caras até o final do ano, com o acionamento das chamadas bandeiras tarifárias amarela e vermelha, que geram custos extras para os consumidores.

2022 MELHOR

O diretor-geral do ONS afirmou que a situação de oferta de energia no Brasil deve ter um alívio a partir do ano que vem, com a ampliação da geração e a entrada em operação de novas linhas de transmissão.

Entre os empreendimentos de transmissão que ajudarão o sistema estão linhas cuja conclusão atrasou devido à recuperação judicial da elétrica espanhola Abengoa, disse Ciocchi.

© Reuters. Sala de monitoramento do ONS, em Brasília (DF) 
11/11/2009
REUTERS/Ricardo Moraes

"Mesmo que tenha um hidrologia ruim, a gente tem mais recursos e mais folga. Devem entrar 10 gigawatts em oferta e ainda teremos a solução da interligação Nordeste/Sudeste que era da Abengoa."

"Isso dará mais margem de manobra para a gente", finalizou o diretor-geral.

A projeção do ONS é que a carga de energia do Brasil deve crescer cerca de 3% neste ano, podendo avançar mais em 2022 caso seja confirmada uma recuperação da economia nacional.

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