CARACAS (Reuters) - A oposição da Venezuela comunicou no domingo que um diálogo mediado pela Noruega para tentar resolver uma crise política terminou, seis semanas depois de o governo do presidente Nicolás Maduro suspender a participação.
As conversas, realizadas principalmete em Barbados, começaram depois que o líder opositor Juan Guaidó comandou um levante militar fracassado contra Maduro, que é acusado de violar direitos humanos e ser responsável por um colapso econômico que levou milhões a fugirem, em abril.
Os representantes de Maduro abandonaram as conversas em agosto em repúdio ao endurecimento das sanções do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o país-membro da Opep. Membros da coalizão opositora que eram críticos do diálogo argumentaram que Maduro estava negociando de má fé e usando as tratativas para ganhar tempo.
"O regime ditatorial de Nicolás Maduro abandonou o processo de negociação com desculpas falsas", disse o escritório de Guaidó em um comunicado. "Depois de mais de 40 dias durante os quais eles se recusaram a continuar, confirmamos que o mecanismo de Barbados acabou".
O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu a um pedido de comentário.
Apesar do revés, diplomatas noruegueses continuam preparados para auxiliar, disse Dag Nylander, que lidera os esforços internacionais de paz e reconciliação do Ministério das Relações Exteriores da Noruega.
"A Noruega está facilitando o processo de negociação na Venezuela a pedido dos principais atores políticos do país, e reitera sua prontidão para continuar neste papel enquanto as partes o considerarem útil e avançar na busca de uma solução negociada", tuitou Nylander nesta segunda-feira.
Guaidó, que comanda a Assembleia Nacional controlada pela oposição, invocou a Constituição venezuelana em janeiro para assumir uma presidência interina, argumentando que a reeleição de Maduro em 2018 foi fraudulenta. Ele foi reconhecido como o líder legítimo da Venezuela por dezenas de países, inclusive os EUA e o Brasil.
Mas Maduro, que qualifica Guaidó como um fantoche golpista de Washington, se manteve no poder mesmo com uma desaceleração econômica profunda e um isolamento internacional crescente. Os militares não o abandonaram, apesar dos apelos repetidos da oposição para que o fizessem, e ele ainda conta com o apoio da Rússia e da China.
Negociadores da oposição disseram que os representantes de Maduro não estavam dispostos a debater sua maior prioridade: uma nova eleição em condições livres e justas.
(Por Luc Cohen, em Caracas; Reportagem adicional de Terje Solsvik, em Oslo)