Por Barani Krishnan.
Investing.com -- A inflação está em toda parte. E os touros do ouro estão se deliciando com ela.
Os futuros do ouro nos EUA bateram suas máximas de quatro semanas na sexta-feira enquanto as ações sofreram seus piores golpes das três últimas semanas após a última leitura da inflação dos EUA refletir seu maior nível em 41 anos, indicando que o Federal Reserve pode se tornar mais agressivo nos aumentos dos juros.
O ouro é, na teoria, uma proteção contra a inflação, e geralmente realiza ralis quando os investidores ficam preocupados com uma redução no poder de compra do dólar. Mas essa não é uma correlação perfeita, já que o ouro também se desvalorizou diversas vezes este ano apesar dos dados mostraram a inflação em alta.
Além disso, confundindo ainda mais a teoria da cobertura, o ouro e o dólar também realizaram ralis juntos em várias ocasiões este ano, à medida que os receios com a inflação proporcionaram sustentação para os preços do metal, enquanto o greenback subia a partir das expectativas de elevações dos juros pelo Fed.
Foi essa a situação da sexta-feira.
O índice de preços ao consumidor dos EUA avançou 8,6% no acumulado do ano até maio, expandindo-se na sua maior taxa desde 1981, com o custo de praticamente tudo — de alimentos a combustíveis, de moradia a vestuário — voltando a subir no mês passado, conforme divulgado pelo Departamento do Trabalho.
O preço médio da gasolina na bomba, em especial, alcançou mais de US$ 5 por galão na quinta-feira pela primeira vez nos Estados Unidos, segundo dados da GasBuddy, um serviço de monitoramento dos preços dos combustíveis.
De forma isolada, a Universidade de Michigan afirmou que o seu índice do sentimento do consumidor dos EUA, acompanhado de perto pelos mercados, havia atingido uma mínima histórica em sua última pesquisa de junho, na medida que americanos ficavam cada vez mais desiludidos com mordida cada vez maior da inflação nos seus contracheques mês a mês.
Em reação aos diferentes dados de inflação, os futuros de um mês do ouro para agosto no Comex de Nova York avançaram para pouco menos de US$ 1.880 por onça às 14:00h, refletindo um ganho de quase US$ 25, ou 1,3% no dia. Na semana, o contrato futuro de referência do ouro registrou alta de também 1,3%.
O índice do dólar, que contrasta a divisa norte-americana com outras seis principais moedas mundiais, alcançou o pico de três semanas, a 104,23. Os rendimentos dos títulos dos EUA, liderados pelos retornos sobre a nota do Tesouro de 10 anos, bateram a máxima de um mês, a 3,17%.
"O choque inicial do anúncio de inflação escaldante atirou os preços do outro para novas mínimas no pregão, à medida que os investidores aumentaram rapidamente as expectativas de elevação dos juros por parte do Fed para a reunião de setembro", afirmou Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA. "Nessa altura, os rendimentos do Tesouro de 5 e 30 anos se inverteram e as preocupações com o crescimento dispararam certos fluxos de refúgio para o ouro".