O contrato mais líquido do ouro fechou em alta nesta sexta-feira, 23, em uma sessão na qual o metal recupera parte das perdas que sofreu nos últimos dias em virtude do processo de aperto monetário ao redor do mundo. Hoje, a commodity ganhou algum impulso com declarações do presidente do Federal Reserve (Fed) de Atlanta, Raphael Bostic, que sugeriu a ausência de novas altas de juros pela autoridade até o final deste ano. No entanto, analistas veem o ouro pressionado, em um cenário de alta do dólar e dos rendimentos dos Treasuries.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para agosto fechou em alta de 0,36%, a US$ 1.929,60 por onça-troy. Na semana, entretanto, o metal teve queda de 2,40%.
Depois de cair para o nível de US$ 1.920, o ouro está começando a atrair fluxos de porto seguro à medida que a liquidação do mercado de ações se intensifica, avalia Edward Moya, analista da Oanda. "O ouro recebeu um impulso adicional depois que Bostic, do Fed, disse que não favorece mais aumentos de juros pelo resto do ano", diz o analista. A recuperação, no entanto, perdeu força depois que os dados mais recentes do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) não mostraram fraqueza suficiente no setor de serviços para justificar uma pausa nas elevações de taxas, afirma Moya.
Na próxima semana, há as leituras do índice de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) e declarações do presidente do Fed, Jerome Powell. Se investidores começarem a acreditar que o Fed provavelmente entregará mais dois aumentos nas taxas, o ouro poderá permanecer vulnerável, avalia Moya. "No entanto, se a aversão ao risco correr solta, o ouro poderá ver alguns fluxos de fuga para a segurança. O ouro tem suporte chave no nível de US$ 1.900 e resistência na região de US$ 1.960", conclui o analista.
Levando em consideração os altos níveis das taxas de juros, tanto nominais quanto reais, que estão oferecendo outras alternativas aos buscadores de portos seguros, "acreditamos que o cenário não seja atraente o suficiente para atrair investidores de volta aos mercados de ouro de forma mais ampla", afirma o Julius Baer. Sem o apoio da demanda por porto seguro, os preços do ouro estão em uma posição mais branda e mais vulneráveis a oscilações de curto prazo, aponta o banco.