Rio de Janeiro, 14 nov (EFE).- A Petrobras, que na quinta-feira anunciou que divulgaria seus resultados trimestrais em dezembro pelo escândalo de corrupção, decidiu apresentá-lo na próxima segunda-feira sem auditoria perante a forte reação do mercado ao possível adiamento.
A companhia, controlada pelo Estado mas com ações negociadas nas bolsas de São Paulo, Nova York, Madri e Buenos Aires, tinha prazo até hoje para divulgar seu balanço trimestral, mas na quinta-feira prorrogou o anúncio para 12 de dezembro para supostamente dar tempo aos auditores de revisá-lo.
A decisão de finalmente divulgar os dados na próxima segunda-feira aconteceu depois que as ações da empresa abriram nesta sexta-feira com fortes quedas na Bolsa de São Paulo, de 4,77% as preferenciais e de 5,17% as ordinárias, pelas dúvidas geradas entre os investidores pelo possível adiamento.
A estatal informou hoje em comunicado que divulgará na segunda-feira "informações contábeis referentes ao resultado da empresa no terceiro trimestre" para "manter o mercado minimamente informado e por respeito ao princípio da transparência".
A empresa, no entanto, não esclareceu que tipo de informações antecipará na segunda-feira e se incluirá todos os dados operacionais e financeiros, e seus respectivos valores.
Na nota, a empresa admitiu que passa por um momento único em sua história devido às investigações de milionários desvios que podem afetar seus resultados.
A publicação acrescenta que contratou duas auditorias externas para realizar os ajustes contábeis que forem necessários a partir das informações disponíveis sobre os desvios, mas que o trabalho de tais empresas não tem prazo para concluir.
A companhia petrolífera disse que até 12 de dezembro espera "alcançar uma maior profundidade nas investigações das empresas independentes de auditoria" que lhe permitam realizar "eventuais ajustes nas demonstrações contábeis gerados pelas denúncias e as investigações".
As supostas irregularidades investigadas pela Polícia desde junho se referem ao aumento ilegal do preço de várias obras e operações de compra de refinarias, além de cobranças adicionais em contratos com terceiras empresas, com o objetivo de alimentar uma rede de subornos a políticos e partidos.
As denúncias foram realizadas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, detido por corrupção e que está delatando supostos beneficiados da rede de corrupção em troca de uma redução de pena.
Segundo Petrobras, caso as informações sejam verdadeiras, as irregularidades denunciadas por Costa "podem ter uma impacto potencial nas demonstrações contábeis da companhia".
Enquanto ocorrem as investigações, a Polícia deteve hoje 20 pessoas, entre elas o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e executivos de nove grandes empresas com contratos milionários com a estatal.