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Petrobras eleva diesel em 8,87% apesar de pedido de Bolsonaro contra aumento

Publicado 09.05.2022, 10:29
Atualizado 09.05.2022, 12:20
© Reuters. Tanques da Petrobras, em Brasília
 25/7/2019 
REUTERS/Ueslei Marcelino
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Por Roberto Samora e Gabriel Araujo

SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) anunciou nesta segunda-feira um aumento do preço médio do diesel de 8,87% nas suas refinarias, com o combustível para distribuidoras passando a valer 4,91 reais por litro a partir de terça-feira, segundo comunicado da empresa.

Com impacto das cotações do petróleo elevadas pela guerra no Leste Europeu e do câmbio, a petroleira citou a necessidade de reajustar o preço para equilibrar o mercado e assim garantir o abastecimento por outras companhias, uma vez que o Brasil é importador de derivados.

Apesar de manifestações nos últimos dias do presidente Jair Bolsonaro contra uma alta de combustíveis pela empresa, a Petrobras ressaltou que o reajuste foi feito após 60 dias desde a última alteração. Disse ainda que valores da gasolina e do GLP (gás de cozinha) foram mantidos.

"Com esse movimento, a Petrobras segue outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda acompanhando os preços de mercado", disse a companhia em nota.

O reajuste foi realizado enquanto as cotações de diesel e gasolina apresentavam defasagem em relação à paridade internacional, com a diferença em -27% para o primeiro e -22% para o segundo, conforme avaliação do Itaú BBA, na última sexta-feira.

O último ajuste de preços aplicado pela Petrobras havia acontecido em 11 de março e, naquele momento, refletia apenas parte da elevação observada nos preços de mercado. Naquela oportunidade, a estatal elevou o diesel em cerca de 25%, a gasolina em quase 19% e o GLP em 16%.

"Desde aquela data, a Petrobras manteve os seus preços de diesel e gasolina inalterados e reduziu os preços de GLP, observando a dinâmica de mercado de cada produto", disse a estatal.

"Nesse momento, no entanto, o balanço global de diesel está impactado por uma redução da oferta frente à demanda. Os estoques globais estão reduzidos e abaixo das mínimas sazonais dos últimos cinco anos nas principais regiões supridoras", justificou.

"Esse desequilíbrio resultou na elevação dos preços de diesel no mundo inteiro, com a valorização deste combustível muito acima da valorização do petróleo. A diferença entre o preço do diesel e o preço do petróleo nunca esteve tão alta."

Com a inflação sendo impactada pelos preços dos combustíveis e queixas de diversos segmentos da sociedade pela alta dos custos, o presidente Bolsonaro fez um apelo na semana passada, no mesmo dia da divulgação dos lucros da Petrobras, para que a companhia não elevasse mais os valores dos combustíveis.

Ao lembrar da greve dos caminhoneiros que parou o país em 2018, no governo de Michel Temer, Bolsonaro alertou na última quinta-feira que poderia haver uma "convulsão" no caso de novo aumento no preço do diesel.

Especialistas, entretanto, têm ressaltado a importância de manter os preços em equilíbrio, para garantir o abastecimento de combustíveis.

"O Brasil é importador de derivados, portanto não seguir a paridade dos preços pode levar a desabastecimento do mercado", disse à Reuters Pedro Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie).

"Independente da reclamação e insatisfação do presidente e de todos os consumidores, não seguir o preço internacional pode causar desabastecimento. Quando a margem começa a abrir muito, ou seja, combustível mais barato aqui dentro, o aumento é inevitável", adicionou Rodrigues.

Bolsonaro ainda qualificou o lucro da Petrobras de um "estupro", enquanto o presidente-executivo da empresa, José Mauro Coelho, disse posteriormente que a maior parte dos ganhos da empresa vêm da divisão de Exploração e Produção, e que "não há uma relação significante entre os resultados da Petrobras e os reajustes dos preços de combustíveis".

REFINARIA NO MÁXIMO

A Petrobras reiterou ainda em nota que as refinarias da companhia já estão operando próximo do seu nível máximo (fator de utilização de 93% no início de maio), considerando as condições adequadas de segurança e de rentabilidade, e que o refino nacional não tem capacidade para atender toda a demanda do país.

"Dessa forma, cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel é atendido por outros refinadores ou importadores. Isso significa que o equilíbrio de preços com o mercado é condição necessária para o adequado suprimento de toda a demanda, de forma natural, por muitos fornecedores que asseguram o abastecimento adequado", observou.

A Petrobras lembrou também que os preços praticados pela empresa são apenas uma parcela dos preços que chegam ao consumidor final.

Para a formação do preço na bomba, ainda são adicionadas parcelas da mistura obrigatória de biodiesel, custos e margens de distribuição e revenda, e tributos que, no caso do diesel, atualmente limitam-se ao ICMS, imposto estadual, uma vez que os tributos federais PIS e Cofins tiveram suas alíquotas zeradas a partir de 11 de março.

© Reuters. Tanques da Petrobras, em Brasília
 25/7/2019 
REUTERS/Ueslei Marcelino

"Dessa forma, a Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, acompanhando as variações para cima e para baixo, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos da volatilidade, ou seja, evita o repasse das variações temporárias que podem ser revertidas no curto prazo", destacou.

As ações preferenciais da companhia operavam em queda de 1,8% por volta do meio-dia, enquanto o petróleo Brent despencava quase 4% no mesmo horário.

(Por Roberto Samora; com reportagem adicional de Gabriel Araujo e Rodrigo Viga Gaier)

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