Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo avançavam nesta sexta-feira diante da desvalorização do dólar, mas, ainda assim, devem encerrar a semana em seu menor patamar semanal em sete meses, por conta de preocupações com a desaceleração do crescimento econômico e os bloqueios sanitários contra a Covid na China sobre a demanda global.
Às 11h40 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano avançava 3,15%, a US$ 86,17 por barril, enquanto o Brent se valorizava 3,05%, a US$ 91,85 por barril, no mercado futuro.
Já o contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA subia 2,49% a US$ 2,4062 por galão.
O dólar registrava forte queda nesta sexta-feira, corrigindo após um rali que durou um mês, ao não conseguir registrar novas máximas devido a comentários mais rígidos, na quinta-feira, do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell.
Essa fraqueza da moeda americana reduziu a pressão sobre importadores ao redor do mundo, dado que o mercado petrolífero, assim como os mercados de várias outras commodities, é denominado em dólares.
Dito isso, o petróleo ainda apontava para sua segunda desvalorização semanal, por conta de agressivas elevações de juros e restrições na China contra a Covid-19, eventos que podem prejudicar a perspectiva de demanda.
A China, maior país importador de petróleo do mundo, anunciou mais restrições a viagens internas nesta semana, na tentativa de conter surtos do vírus no país.
Pequim está aumentando as restrições a deslocamentos de pessoas que entram e saem da capital antes do feriado da Semana Dourada, enquanto Chengdu, sexta maior cidade do país, com 21 milhões de habitantes, continua em lockdown.
A consultoria Energy Aspects estimou que o consumo de petróleo na China deve cair este ano, pela primeira vez desde 2002, a uma média de 380.000 barris por dia.
Isso ocorre apenas um dia após o Banco Central Europeu elevar as taxas de juros em 75 pontos-base, e a expectativa é que o Federal Reserve tome uma medida similar nas próximas semanas. Tais iniciativas podem afetar o crescimento econômico e, por conseguinte, a demanda petrolífera no futuro.
Outro ponto negativo na quinta-feira foram os dados divulgados pela Administração de Informações Energéticas dos EUA, os quais revelaram que houve um aumento de 8,8 milhões de barris nos estoques de petróleo na semana passada, levantando dúvidas quanto à força da demanda no maior país consumidor do produto no mundo.
No entanto, esse acúmulo pode ser sido exacerbado pela liberação da Reserva Estratégia de Petróleo pelo governo.
As atenções também estão voltadas à reunião dos ministros de energia da União Europeia, que estão tentando acordar medidas para reduzir a disparada dos preços de energia e do gás natural antes da chegada do inverno.
Outro foco de interesse serão os comentários de membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, grupo conhecido como Opep+, após sua decisão de cortar a oferta em 100.000 barris por dia na última semana, o que teve pouco impacto no mercado.
“A fraqueza recente nos preços do petróleo eleva o risco de que vejamos alguma forma de intervenção por parte da Opep+”, disseram analistas do ING em nota. “O grupo deixou claro que uma ação maior poderia ser tomada, caso o cartel acreditasse ser necessária, e o mercado deve atingir níveis em que pode fazer com que a organização fique desconfortável”.
O número de sondas da Baker Hughes e os dados de posicionamento da CFTC encerram a semana.