Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo operavam em alta na sexta-feira, porém o mercado se encaminhava para uma queda semanal, diante de preocupações com uma possível desaceleração econômica mundial, na esteira de um aperto monetário agressivo.
Às 12h22 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano subia 1,15%, a US$ 103,91 por barril, enquanto o Brent avançava 1,51%, a US$ 106,23 por barril, no mercado futuro. Ambas as referências estão prestes a registrar uma desvalorização de mais de 5%, na sequência da primeira queda mensal desde novembro.
O contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA subia 0,46%, a US$ 3,43 por galão.
Os bancos centrais mundiais, com destaque para o Federal Reserve, começaram a elevar as taxas de juros com vigor, a fim de tentar conter a alta da inflação, gerando temores de que essa ação possa resultar em uma queda abrupta da atividade econômica e na consequente destruição de demanda de petróleo.
O Fed elevou os juros em 75 pontos-base (pb) no mês passado, e a ata da sua última reunião política monetária, divulgada mais cedo na semana, sugeriu que as autoridades do banco mantiveram um tom mais rígido.
Na quinta-feira, duas dessas autoridades, Christopher Waller e James Bullard, defenderam mais uma elevação dos juros de 75 pb neste mês.
Os últimos dados de emprego nos EUA mostraram que o mercado de trabalho no país continua forte, com as folhas de pagamento não agrícolas registrando alta de 372.000 em junho, enquanto os ganhos médios por hora trabalhada saltaram 5,1% no ano, ressaltando a persistência das pressões inflacionárias salariais.
Dito isso, apesar das perdas dessa semana, os preços do petróleo continuam perto do nível de US$ 100 por barril, diante de preocupações com a restrição de oferta global.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados anunciaram um aumento gradual na produção, mas muitos dos membros do cartel enfrentam dificuldades para atingir suas cotas acordadas, devido a anos de subinvestimento.
É preciso considerar ainda os distúrbios associados às sanções à Rússia em decorrência da sua invasão na Ucrânia.
“Ainda há riscos envolvendo os fluxos de óleo do Cazaquistão, após uma corte da Rússia ordenar, mais cedo na semana, a interrupção dos carregamentos no terminal CPC localizado na costa russa do Mar Negro”, disseram analistas da ING em nota. “O tribunal determinou uma suspensão de 30 dias nos carregamentos, aparentemente devido a violações às regras de vazamento de petróleo”.
A secretária do Tesouro Americano, Janet Yellen, viaja para a Ásia, a fim de persuadir os governos da China e da Índia, no fim de semana, a não minar os planos do Ocidente de estabelecer um teto para o petróleo da Rússia.
Os esforços de Yellen ocorrem antes de uma visita ainda mais importante do presidente americano, Joe Biden, à Arábia Saudita, marcada para a próxima semana.
Os estoques de petróleo atingiram as máximas de dois meses nos EUA, na semana passada, de acordo com dados divulgados na quinta-feira pela Administração de Informações Energéticas, superando levemente a marca de 8 milhões de barris.
“Esse é o maior aumento semanal desde o início de maio”, complementou a ING. “No entanto, considerando as liberações das Reservas Estratégicas, os estoques totais de petróleo nos EUA aumentaram apenas 2,39 milhões de barris.”
A contagem semanal de sondas divulgada pela Baker Hughes e os dados de posicionamento da CFTC encerram a semana, como de costume.