Investing.com -- Os mercados petrolíferos podem enfrentar cada vez mais pressão no futuro, segundo analistas da BCA Research, que recomendam aos investidores reduzir sua exposição à commodity, diante da projeção de fundamentos fracos para os próximos nove meses.
A principal razão para esse pessimismo é a revisão para baixo nas previsões de demanda global por parte de importantes organizações internacionais, como a Agência Internacional de Energia, a Administração de Informação Energéticas dos EUA e a Opep, que revisaram para baixo suas expectativas de consumo em 2024 e 2025.
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Essa mudança marca uma reversão das expectativas anteriores, que eram mais otimistas. Além disso, importantes bancos de Wall Street, como Goldman Sachs (NYSE:GS), Morgan Stanley (NYSE:MS) e Citi, reduziram suas previsões de preço para o petróleo Brent.
Esse pessimismo é corroborado por dados de demanda que ficaram abaixo do esperado. No primeiro semestre de 2024, o crescimento do consumo global de petróleo foi o mais baixo desde 2020, muito devido à diminuição da atividade econômica e à queda na demanda de mercados chave, especialmente a China.
A queda de 7% nas importações de petróleo da China em agosto, em comparação com o ano anterior, agravou as preocupações com a demanda global.
Ao mesmo tempo que a demanda enfraquece, a dinâmica do lado da oferta também contribuiu para a queda dos preços. A produção de países não membros da Opep, como Brasil, Canadá e EUA, aumentou, compensando mais que os cortes de produção da Opep+.
O aumento de um milhão e meio de barris por dia desses países não membros da Opep superou a redução de um milhão e duzentos mil barris por dia na produção da Opep+.
O resultado foi um achatamento da curva de futuros do petróleo, indicando um entusiasmo reduzido pelos contratos de curto prazo. A diferença de preço entre as entregas imediatas e futuras diminuiu, refletindo as preocupações crescentes do mercado com um excesso de oferta diante da demanda em queda.
Embora a perspectiva para os preços do petróleo continue pessimista, há uma chance de recuperação no curto prazo.
Gestores de recursos eliminaram suas posições compradas em petróleo, com posições líquidas compradas tanto no Brent quanto no West Texas Intermediate (WTI) alcançando mínimos históricos.
Historicamente, tais posições líquidas compradas baixas foram seguidas por altas nos preços, aumentando a probabilidade de um repique breve.
Contudo, a BCA Research enfatiza que qualquer alta potencial provavelmente será de curta duração. "Mesmo nos casos em que os preços subiram, a duração média da alta foi de apenas vinte e três dias", disseram os analistas.
A falta de catalisadores fundamentais fortes para o crescimento sustentado da demanda reforça a ideia de que qualquer recuperação de preços seria temporária.
Do ponto de vista cíclico, a tendência mais provável para os preços do petróleo é de queda. Historicamente, os preços tendem a cair durante o quarto trimestre, período caracterizado pela demanda reduzida após a temporada de viagens de verão.
As refinarias geralmente realizam manutenção nesse período, o que leva a um acúmulo nos estoques de petróleo, exercendo pressão adicional sobre os preços.
Além disso, a perspectiva econômica ampla não favorece o petróleo.
Os estrategistas da BCA Research atribuem grandes chances a uma recessão econômica nos próximos 12 meses. Portanto, “as condições de demanda global para o petróleo provavelmente piorarão ainda mais", afirmaram.
A redução no preço de venda oficial da Saudi Aramco (TADAWUL:2222) para compradores asiáticos, para um nível quase de três anos mais baixo, é mais um sinal negativo para a perspectiva de demanda.
A BCA recomenda que os investidores reduzam sua exposição ao petróleo, especialmente num horizonte de seis a nove meses.
A nota destaca a vulnerabilidade cíclica dos mercados de petróleo e a alta probabilidade de continuação da fraqueza dos preços.
Embora altas de curto prazo impulsionadas por fatores técnicos sejam possíveis, elas devem ser passageiras, e os preços provavelmente voltarão à sua trajetória de queda assim que essas altas perderem força.
A BCA Research também destaca a eficácia limitada dos esforços da Opep+ para estabilizar o mercado. Mesmo que a Opep+ prolongue seus cortes de produção, pode não ser suficiente para evitar um excedente de petróleo em 2025.
A coalizão precisaria de cortes ainda mais profundos, o que poderia gerar desacordos internos e problemas de conformidade.
Às 11h30 de Brasília, o preço do barril do Brent hoje registrava alta de 1,63%, negociado a US$ 73,14, enquanto o barril do Texas (WTI) se valorizava 1,78%, a US$ 70,22, no mercado futuro.
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