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Petróleo recua 5% com liberação global de reservas; WTI rompe piso de US$ 97

Publicado 06.04.2022, 15:28
© Reuters.
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Por Barani Krishnan

Investing.com -- Será que as grandes liberações de reservas derrubarão os preços do petróleo, em um mercado com grave subfornecimento? 

Não, dizem os longs do petróleo, e eles têm razão se o mercado permanecer deficitário a longo prazo. Mas no curto prazo, as ações da administração Biden e de outros governos começaram a prejudicar o rali energético deste ano.

Os preços do petróleo tropeçaram pelo segundo dia consecutivo depois que a Agência Internacional de Energia (AIE), sediada em Paris, disse que liberará 120 milhões de barris das reservas de seus membros ao mercado aberto para reduzir a escassez de fornecimento global.

"Esses longs do petróleo podem continuar negando que essas liberações de reservas não importam para o preço a longo prazo neste mercado. Talvez. Mas numa base diária, eles estão causando estragos na volatilidade do mercado", afirmou John Kilduff, sócio do fundo de hedge de energia Again Capital, de Nova York.

O Brent, negociado em Londres e referência global de preços, recuava US$ 4,70, ou 4,5%, para US$ 101,94 por barril às 15:00h. Sua mínima no pregão foi de US$ 101,10.

O Brent caiu 13% na semana passada, em seu maior recuo semanal desde abril de 2020, após terminar o primeiro trimestre com alta de 39%, demonstrando a recente volatilidade do petróleo.

O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preços nos EUA, caiu US$ 477, ou 4,7%, para US$ 97,19 por barril, depois de uma mínima no dia de US$ 96,30.

O WTI fechou abaixo do suporte crítico de US$ 100 na semana passada, pois caiu cerca de 13%, assim como o Brent, na sua pior semana desde abril de 2020. Isso veio apesar de um rali de 33% no primeiro trimestre.

O anúncio da AIE veio depois que o governo Biden afirmou na semana passada que liberará 180 milhões de barris da sua própria Reserva Estratégica de Petróleo nos próximos seis meses, com uma média de um milhão de barris por dia.

De acordo com a AIE, na quarta-feira, metade dos 120 milhões de barris de sua liberação virão dos Estados Unidos. Fontes familiarizadas com a situação disseram que a parcela de 60 milhões de barris da ação norte-americana já estavam incluídos na distribuição de 180 milhões de barris citada pelo governo Biden na semana passada.

Isso significa, efetivamente, que o restante dos 60 milhões de barris viria de outros membros da AIE. 

Cumulativamente, cerca de 240 milhões de barris devem chegar ao mercado aberto de petróleo nos próximos seis meses, ou seja, 1,33 milhão de barris por dia.

Isso seria mais que o triplo dos incrementos mensais de 400.000 de barris por dia que os produtores globais de petróleo, dentro da aliança da OPEP+, controlada pela Arábia Saudita e dirigida pela Rússia, têm feito. 

A OPEP+ mantém pelo menos quatro milhões de barris de oferta regular diária, necessários aos consumidores, fora do mercado, para garantir que os preços do petróleo bruto permaneçam acima ou em torno de US$ 100 por barril, o que tem sido a regra desde que os EUA e a UE impuseram sanções à Rússia por sua invasão da Ucrânia no dia 24 de fevereiro. De forma independente, a entrega de cerca de 3 milhões de barris por dia em exportações russas de petróleo está sendo atrasada devido às sanções, alguns deles sendo completamente rejeitados.

Somam-se ao sentimento pessimista dos mercados do petróleo na quarta-feira os dados da Energy Information Administration, mostrando que os estoque de petróleo bruto dos EUA subiram na semana passada pela primeira vez em três semanas, enquanto os estoques de destilados, que fornecem o diesel para caminhões, ônibus e trans, além de combustível para jatos, aumentou pela segunda semana consecutiva, 

Os aumentos lançaram dúvidas sobre a demanda de energia no maior país consumidor de petróleo do mundo, num contexto de preços nas bombas próximos a recordes de alta, afirmaram analistas da indústria.

Os estoques de petróleo subiram 2,421 milhões de barris ao longo da semana encerrada em 1º de abril, em comparação com o consumo médio de 2,056 milhões de barris previsto pelos analistas.

Os estoques de destilados, que incluem diesel e óleo para aquecimento, aumentaram 771.000 barris na semana, contra as expectativas de um consumo de 0,819 milhão de barris. Antes das últimas duas semanas, os destilados foram o componente de crescimento mais forte do complexo petrolífero dos EUA durante meses, vendo quedas de inventário praticamente ininterruptas desde o início de janeiro.

Os estoques de gasolina estavam entre os dados otimistas relatados pela EIA para a semana passada, com a agência citando um consumo de 2,04 milhões de barris contra previsões de um acúmulo de 63.000 barris. A gasolina utilizada como combustível de automóveis é o derivado do petróleo mais consumido nos EUA.

As exportações de petróleo bruto dos EUA também cresceram na semana passada, atingindo 3,69 milhões de barris em comparação com os 2,99 milhões da semana anterior, à medida que o petróleo americano encontrou mais compradores no exterior, em meio da restrição no fornecimento global de energia em função das sanções impostas à Rússia.

Exceto pelo recuo nas reservas de gasolina e do aumento das exportações, os dados da EIA para a semana passada foram esmagadoramente pessimistas. Isso incluiu um acúmulo de 1,7 milhão de barris no hub de Cushing, Oklahoma, que atua como ponto de entrega para o WTI.

O WTI atingiu o valor mais alto em 14 anos, de US$ 130, enquanto o Brent disparou para quase US$ 140 duas semanas após a invasão da Ucrânia. Consequentemente, os preços da gasolina nas bombas dos EUA atingiram altas recordes acima de US$ 4,35 por galão.

Tanto o WTI como o Brent recuaram em relação a suas máximas históricas desde então, com a liberação regular de petróleo da reserva dos EUA a cada semana por parte do governo Biden. Só na semana passada, foram liberados cerca de 3,7 milhões de barris.

Apesar disso, a gasolina na bomba tem se mantido, na média, acima de US$ 4 por galão. Os analistas dizem que a inflação alimentada pela gasolina, que está cerca de US$ 1,50 mais cara que há um ano, pode acabar levando a uma destruição da demanda por petróleo.

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