Por Barani Krishnan
Investing.com -- O resultado pelo qual os touros do petróleo esperavam há semanas finalmente parece ter chegado – uma Alemanha aparentemente pronta para impôr uma proibição ao petróleo russo – entregando o mercado de volta para os longs, pouco antes da próxima reunião da OPEP+ forçar os preços a subirem ainda mais.
Depois de ter sido sufocado recentemente pelo avanço do dólar e pelos problemas da China com a Covid seus lockdowns, o petróleo ganhou sinal verde na quinta-feira, a partir de um artigo publicado pelo Wall Street Journal afirmando que Berlim deixou de se opor a um embargo ao petróleo russo — uma dinâmica que poderia restringir ainda mais o abastecimento no já estressado mercado global de energia.
A Reuters informou que o artigo do WSJ ecoou comentários do Ministro da Economia alemão, Robert Habeck, na terça-feira, ao afirmar que a maior economia da UE poderia aguentar um embargo europeu às importações de petróleo russo e que esperava encontrar formas de substituir os fornecimentos da Rússia com outros.
Os preços do petróleo, que margeavam águas negativas antes do artigo do WSJ, dispararam mais de 2 dólares por barril à medida que a história saía da Alemanha, com os investidores questionando como alguns países europeus que praticamente obtinham cada gota do seu petróleo a partir da Rússia sobreviveriam à proibição. A própria Alemanha importava 35% do seu petróleo da Rússia antes da invasão da Ucrânia e das sanções contra Moscou.
Às 17h32, os contratos futuros do petróleo Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, apresentava alta de US$ 2,38, ou 2,28%, a US$ 107,34 por barril.
O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preços nos EUA, subia US$ 3,20, ou 3,14%, a US$ 105,19 por barril.
Com a próxima reunião da OPEP+ prevista para daqui a uma semana, o mercado poderia estar numa recuperação prolongada das mínimas abaixo de US$ 100 desta semana.
A OPEP+, liderada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo, grupo de 13 membros controlado pela Arábia Saudita mais outros 10 países produtores de petróleo liderados pela Rússia, forçou a alta dos preços cada vez que se reuniu ao longo do ano passado, oferecendo uma mísera elevação de 400.000 barris por dia na produção mensal — sem cumprir nem mesmo isso.
Depois da reunião da OPEP+ de 5 de maio, os preços podem ficar novamente sob pressão, disseram alguns analistas.
"Os mesmos fatores continuam em jogo e podem ser o catalisador para uma eventual ruptura, seja mais bloqueios chineses, lento crescimento da produção da OPEP+, novas interrupções na oferta, maiores lançamentos de reservas etc.", afirmou Craig Erlam, analista da plataforma de negociação online OANDA.
"Em última análise, continuamos a ver consolidação nos mercados do petróleo, com restrição do intervalo e a possibilidade de nos deixar diante de uma ruptura de volatilidade nas próximas semanas".
"Consequentemente, o petróleo do mundo livre vai ficar mais caro, e a Cortina de Ferro do petróleo vai cair ainda mais em valor e ter um desconto mais elevado", disse John Kilduff, sócio da Again Capital, em Nova York, fazendo uso de uma referência da era soviética para o petróleo russo.
Adam Button, analista da plataforma ForexLive, disse que a política poderia complicar ainda mais a situação de alguns estados europeus. Ele fez referência a relatos de planos para o abastecimento de uma refinaria em Gdansk com petróleo que não seja de origem russa, embora a refinaria em si seja de propriedade da Rosneft, uma companhia russa.
"O que (também) não foi abordado são os diversos outros países no leste da Europa que dependem do petróleo russo - alguns deles 100%", disse Button.