Plantio de soja no Brasil deve avançar 2% e nova safra pode bater recorde, dizem analistas

Publicado 04.08.2025, 13:09
Atualizado 04.08.2025, 13:10
© Reuters. Soja sendo carregada em caminhãon17/02/2020nREUTERS/Jorge Adorno

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A área plantada com soja no Brasil em 2025/26 deverá crescer 2,0% em relação à temporada passada, permitindo que o maior produtor e exportador da oleaginosa tenha um novo recorde produtivo, apesar de margens não tão boas para os agricultores, afirmaram consultorias nesta segunda-feira.

A Céleres estimou em 48,6 milhões de hectares a área plantada para o novo ciclo, com plantio a partir de setembro. Mas a semeadura cresceria menos de 1 milhão de hectares, um avanço considerado mais "comedido" diante de margens positivas, "mas pressionadas". Desafios para um crescimento mais robusto das importações da China também foram citados pela consultoria.

"Com preços esperados mais limitados para março/26, o produtor deve agir com prudência na gestão de comercialização e de novos investimentos no curto prazo", disse o analista Gabriel Santos, em relatório nesta segunda-feira com as primeiras projeções publicadas pela Céleres.

Com esse aumento na área e um avanço de 0,5% nas produtividades esperadas, o Brasil poderia produzir 177,2 milhões de toneladas de soja, apagando o recorde do ciclo anterior, de 172,8 milhões de toneladas.

A Céleres destacou que com a estimativa de margem operacional de cerca de 12 sacas por hectare em Mato Grosso -- levemente abaixo da média histórica --, o principal Estado produtor brasileiro ainda deve ser "protagonista" no avanço de área de soja no Brasil com alta de 250 mil hectares em relação a safra passada.

Os Estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) devem ampliar o plantio em 250 mil hectares, e Mato Grosso do Sul e Goiás em 100 mil hectares, cada, segundo a Céleres.

Santos citou que do lado da demanda "há desafios claros para um crescimento mais robusto das importações chinesas no curto prazo, o que já é evidenciado nessa temporada".

Mas ele destacou que a expectativa de aumento de excedente no país, real desvalorizado e as incertezas na política externa dos EUA -- segundo maior produtor de soja -- sustentam crescimento nas exportações da oleaginosa no ciclo 25/26, que deverão atingir 110 milhões de toneladas, versus 106 milhões no ciclo anterior.

AUMENTO NA SOJA E NO MILHO VERÃO?

Para a StoneX, corretora e consultoria especializada em commodities, a área plantada com soja aumentará também 2% em relação ao ciclo passado, permitindo uma produção de 178,2 milhões de toneladas, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira.

A StoneX indicou também um avanço da produtividade influenciado por uma esperada recuperação da safra do Rio Grande do Sul, que vem sendo afetada por problemas climáticos nos últimos anos.

Na semana passada, a consultoria Datagro apontou uma visão ainda mais positiva em termos absolutos, estimando a produção brasileira da oleaginosa em 182,9 milhões de toneladas em 2025/26, aumento de 5% ante a máxima histórica vista na colheita deste ano.

Segundo a StoneX, as exportações brasileiras poderiam atingir 112 milhões de toneladas, também um patamar recorde, em momento em que a China, maior importadora, lida com disputas comerciais com os Estados Unidos.

"As questões geopolíticas e tarifárias podem beneficiar a soja brasileira, especialmente pelas possibilidades de atritos entre EUA e China", afirmou a especialista de Inteligência de Mercado, Ana Luiza Lodi, em nota.

A StoneX também considera que o Mato Grosso deverá concentrar o crescimento em termos absolutos, adicionando cerca de 400 mil hectares, para 13 milhões de hectares no total.

E também avalia que o milho primeira safra no Brasil deverá ter crescimento de área, também de 2%, principalmente na região Sul, com destaque para os Estados do Paraná e Rio Grande do Sul.

"Embora milho verão e soja sejam culturas concorrentes na ocupação do solo, o Brasil dispõe de uma base territorial ampla e dinâmica, com possibilidade de expansão sobre áreas de pastagem, especialmente degradadas", disse à Reuters, após ser consultada.

Já a Céleres considera que a área de milho na safra primeira safra brasileira deve apresentar "leve redução" (100 mil hectares, -2,4%) em 25/26, diante da perda de competitividade com as culturas concorrentes, especialmente a soja na região Sul.

A Céleres projeta um potencial ligeiro avanço anual da colheita total de milho em 2025/26, cuja maior parcela advém normalmente da segunda safra. A produção totalizaria mais de 148 milhões de toneladas.

 

(Por Roberto Samora)

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