Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - Os preços de contratos no mercado livre de eletricidade subiram nesta semana impulsionados pela perspectiva de uma alta a partir de julho no Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), utilizado no mercado de curto prazo de energia, afirmaram operadores à Reuters nesta quarta-feira.
O movimento foi impulsionado pela perspectiva de que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) altere no próximo mês parâmetros de cálculo do custo marginal de operação do sistema, que é a base do PLD, para levar em consideração uma menor produção das hidrelétricas de Sobradinho e Três Marias, com impacto da seca nos reservatórios.
A informação sobre a mudança circulava no mercado desde sexta-feira e foi confirmada pelo ONS à Reuters nesta quarta-feira.
Um PLD maior beneficiará distribuidoras de energia com sobras contratuais, que têm vendido os excedentes pelo preço spot, segundo o sócio da consultoria Esfera Energia, Braz Justi.
Para o analista da comercializadora Federal, Rafael Hentz, contratos de venda de energia convencional com duração de um ou três meses dispararam até 40 por cento desde segunda-feira, de cerca de 50 para 70 reais por megawatt-hora.
O diretor da consultoria Safira Energia, Mikio Kawai Jr., afirmou que a alta gerou um movimento de cobertura de posições vendidas por comercializadoras.
"Teve essa volatilidade, acabou dando um salto... esse movimento do preço subindo de um patamar para o outro já é reflexo dessa cobertura", afirmou.
Ele disse, no entanto, que os preços em contratos de prazo mais longo tiveram alta menor, abaixo de 5 por cento, de cerca de 130 para 135 reais por megawatt-hora.
"O reflexo é um pouco menor porque tem um período de chuvas aí no meio", disse Mikio, em referência ao final de ano, que tradicionalmente traz uma recuperação dos reservatórios das hidrelétricas.
PLD SOBE
Em carta enviada à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mais cedo neste mês, o ONS simulou o resultado da aplicação das mudanças que serão implementadas e concluiu que, se aplicadas em junho, elas teriam elevado o custo marginal do Sudeste e do Sul em cerca de 65 por cento na carga pesada, de 41,91 reais para 69,29 reais por megawatt-hora.
Nas regiões Nordeste e Norte, os impactos aos preços seriam nulos ou marginais, segundo as simulações.
Braz Justi, da consultoria Esfera Energia, disse que o impacto no PLD da próxima semana deve ser uma alta de 20 reais por megawatt-hora no Sudeste e Sul ante os preços atuais, que estão em 61,80 reais por megawatt-hora.
A projeção contrasta com a perspectiva da empresa antes da mudança no cálculo, que era de uma queda de cerca de 20 reais na próxima semana.
"Naturalmente vai subir, só o quanto a gente ainda não consegue falar... pode ser que fique nesse patamar (20 reais) ou um pouco mais para cima", apontou.