BRASÍLIA (Reuters) - A Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja) avalia que a primeira previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a temporada 2015/16, divulgada nesta sexta-feira, está superestimada.
Segundo o diretor-executivo da Aprosoja Brasil, Fabricio Rosa, a associação vê crescimento de safra 15/16 de 2 a 3 por cento ante 14/15, abaixo dos 4 a 6 por cento projetados pela Conab.
Rosa falou com jornalistas em Brasília após a divulgação dos números da estatal, que aponta uma produção recorde acima de 100 milhões de toneladas.
"Acreditamos que (a diferença na projeção se dá) por uma série de fatores, não só com relação à questão do crédito, mas principalmente porque os produtores, também com elevação do custo de produção, eles reduziram pacote tecnológico nessa safra, o que significa redução também da aplicação de fertilizantes", disse Rosa, indicando que os investimentos menores poderão ter um impacto na produtividade média.
Ele lembrou que os preços na bolsa de Chicago, referência internacional, estão fracos, em mínimas de mais de seis anos.
"Não é questão de comemorar ou não crescimento, temos conjuntura de preços em Chicago muito abaixo, para nós não é bom de maneira geral, estamos sendo sustentados pelo câmbio extremamente valorizado, que tem garantido margens pro produtor em todo país", disse a jornalistas.
O diretor-executivo da Aprosoja afirmou que, embora o dólar forte tenha favorecido as vendas antecipadas da nova safra, que está sendo plantada, a volatilidade cambial também pode impactar os custos de produção, reduzindo as margens.
"A inflexão do dólar pode comer margem dele. Hoje estimativa é de que aproximadamente 50 por cento da safra já tenha sido comercializada. O que significa que os outros 50 por cento ainda serão comercializados, e há sim risco de variação cambial que pode impactar na margem do produtor", afirmou.
As vendas antecipadas de soja do Brasil da temporada 2015/16 avançaram para 37 por cento da colheita projetada até o final de setembro, segundo estimativa da consultoria AgRural divulgada na semana passada.
(Por Marcela Ayres)