Viena, 30 jun (EFE).- A reunião trilateral sobre o trânsito de gás natural russo através da Ucrânia até a Europa Ocidental terminou nesta terça-feira em Viena sem acordo, anunciou a Comissão Europeia (CE).
A mudança dos princípios pactuados para garantir um envio "estável e fluído" de gás natural para a Ucrânia e o resto da Europa em um acordo "precisa de mais trabalho", assinalou a CE em comunicado, sem informar quando acontecerá a próxima reunião.
"O encontro de hoje demonstrou que as partes ainda estão muito afastadas", acrescentou o Executivo comunitário, que atua como intermediário entre a Rússia e a Ucrânia neste conflito.
Participaram da reunião de Viena o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, responsável pela União Energética, o ministro russo de Energia, Alexander Novak, o ucraniano, Vladimir Demchyshyn, e o presidente da Naftogaz, estatal ucraniana de gás e petróleo, Andriy Kobolev.
"As consultas trilaterais demonstraram mais uma vez que todas as partes estão de acordo sobre os princípios necessários para garantir um envio estável e fluído de gás à Ucrânia e o trânsito à União Europeia (UE)", disse Sefcovic no comunicado da Comunidade Europeia.
Diante da falta de um pacto hoje, "as partes definiram que a Comissão apresentará ideias para preparar os próximos passos para que as próximas consultas possam acontecer", acrescentou o vice-presidente da CE.
"Vamos usar o verão (do hemisfério norte, entre junho e setembro) para iniciar os preparativos para a próxima temporada de inverno", concluiu Sefcovic.
Estas negociações foram iniciadas em março, e pretendiam chegar a um acordo que substitua o atual, que venceu em 30 de março e que foi prorrogado até hoje, 30 de junho.
No entanto, a Rússia anunciou ontem que manterá nos próximos três meses o preço do gás cobrado da Ucrânia desde abril, em torno de US$ 247 para cada mil metros cúbicos.
Após meses de desencontros sobre o preço do gás, incluindo um corte do fornecimento russo à Ucrânia, os dois países alcançaram em outubro um acordo temporário, mediado pela União Europeia.
A Gazprom, estatal russa, aceitou então reduzir em US$ 100 a tarifa cobrada da Naftogaz pelo gás, para US$ 247 para cada mil metros cúbicos, uma tarifa muito inferior aos US$ 485 estipulados após a queda do governo de Viktor Yanukovich, em fevereiro de 2014, após vários meses de protestos europeístas na Ucrânia.
A Comissão afirmou em seu comunicado de hoje que "consolidou" com a Rússia e a Ucrânia um "projeto de protocolo" após várias reuniões em nível de analistas, "para encontrar uma solução de compromisso" entre as duas partes.
O conflito sobre o preço do gás levou a Rússia e a Ucrânia a recorrer ao Tribunal de Arbitragem de Estocolmo, que deve se pronunciar no terceiro trimestre do ano que vem.