SÃO PAULO (Reuters) - Os estoques finais de óleo de soja, principal matéria-prima de biodiesel no Brasil, deverão aumentar em 2023, apesar de um aumento da mistura do biocombustível no diesel de 10% para 12% a partir de abril, avaliou nesta segunda-feira a consultoria StoneX.
Isso acontece com a expectativa de uma safra recorde de soja no Brasil, acima de 150 milhões de toneladas, mas também com projeção de uma queda na exportação de óleo de soja em 2023, disse o analista Leonardo Rossetti, durante teleconferência.
Os estoques finais de óleo de soja do Brasil ao final de 2023 estão estimados em 665 mil toneladas, acima dos 507 mil toneladas de 2022, segundo cálculos da StoneX.
Em meio à alta na mistura de biodiesel, decidida na última sexta-feira pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o consumo de óleo de soja para o biocombustível no Brasil vai aumentar 23,5% em 2023 ante 2022, para 5,8 milhões de toneladas, enquanto o consumo brasileiro de óleo de soja deverá subir 12,4%, para 8,5 milhões de toneladas.
Isso considerando o consumo de diesel B (com biodiesel) aumentando 1,6% em 2023, para 64,2 bilhões de litros. Já o consumo de biodiesel deverá aumentar 16,7% no ano, para 7,38 bilhões de litros, na comparação com 2022, considerando o B10 do primeiro trimestre e o B12 a partir de abril.
No ano passado, o óleo de soja respondeu por cerca de 65% da produção de biodiesel, com outros óleos vegetais e gorduras animais respondendo pela oferta restante da matéria-prima.
Já a produção de óleo de soja do Brasil deverá aumentar para 10,4 milhões de toneladas, versus 10,2 milhões de toneladas no ano passado.
A StoneX também considera uma queda na exportação de óleo de soja para 1,8 milhão de toneladas em 2023, após 2,6 milhões de toneladas em 2022, quando os embarques foram fortemente impulsonados por compras da Índia, em meio a preocupações com a oferta de óleos concorrentes da Indonésia e Ucrânia, de palma e girassol, respectivamente.
(Por Roberto Samora)