Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A start-up de energia solar Sunlution e a fabricante de equipamentos WEG conquistaram um contrato de quase 100 milhões de reais para instalar painéis fotovoltaicos no lago de duas hidrelétricas do Brasil, em um projeto pioneiro para testar a tecnologia no país.
O acordo foi viabilizado por um programa de pesquisa tocado por Eletronorte e Chesf, subsidiárias da estatal de energia Eletrobras (SA:ELET3), como parte dos esforços do governo federal para impulsionar novas formas de produção de energia em um país altamente dependente das usinas hídricas.
As empresas colocarão 10 megawatts em placas no lago das usinas de Balbina e Sobradinho, que ficam no Amazonas e na Bahia, em um prazo de até três anos. Os primeiros 2 megawatts começariam a operar já em 2016.
Sobradinho, que é a maior das duas hidrelétricas e é umas das mais importantes do país, tem mil megawatts de potência. Os 10 megawatts do projeto representam metade da atual capacidade instalada de energia solar no país, que aposta nessa fonte como alternativa para crescimento na oferta de energia nos próximos anos.
"A Sunlution vai fazer o projeto completo, executivo e ambiental, e instalar os flutuadores. A WEG vai instalar os inversores, o eletrocentro e adquirir os painéis fotovoltaicos", disse à Reuters o diretor da Sunlution, Orestes Gonçalves.
Procurada, a WEG disse que não irá comentar o assunto no momento, aguardando a assinatura do contrato.
A tecnologia dos flutuadores será trazida ao Brasil pela francesa Ciel et Terre International, que é sócia da Sunlution. As empresas vão fabricar as peças no Brasil, mas com produção terceirizada, sem fábricas próprias.
De acordo com Gonçalves, a instalação dos painéis nos lagos permite aproveitar a estrutura já existente nas hidrelétricas para conexão à rede, como linhas e subestações, além de reduzir a evaporação de água nas usinas.
"Tem racional econômico, tem racional ambiental e utiliza a infraestrutura existente", destacou o diretor da empresa, que prevê um nicho interessante de negócio no Brasil, que tem as hidrelétricas como principal fonte de energia.
Empresas de saneamento e agricultores também já demonstraram interesse em avaliar o uso dos flutuadores solares, segundo Gonçalves.
"Nossa expectativa é ter, entre 2016 e 2017, pelo menos mais 10 a 15 megawatts adicionais em contratos (além dos fechados com Chesf e Eletronorte). E depois de 2017, aí sim, achamos que pode passar a barreira de 100 a 150 megawatts por ano", disse.