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Por May Angel e Marcelo Teixeira
LONDRES/NOVA YORK (Reuters) - As torrefadoras de café 3corações e Melitta aumentaram os preços de seus produtos no Brasil, o segundo maior consumidor mundial de café, atrás dos Estados Unidos, de acordo com documentos enviados a clientes e vistos pela Reuters.
A 3corações, uma joint venture entre a empresa brasileira São Miguel e o grupo israelense Strauss, apontou que aumentaria os preços do café torrado e moído em 10% e do café solúvel em 7% a partir de 1º de setembro.
A Melitta South America, também importante player no Brasil, anunciou que aumentaria os preços em 15% a partir de 1º de setembro.
As duas empresas, que citaram a alta dos preços do grão verde, a volatilidade e as questões climáticas como justificativas para o aumento, não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.
Os preços globais dos grãos arábica crus subiram mais de 20% este ano, após uma alta de 70% no ano passado, com o Brasil, maior produtor, registrando mais uma safra ruim devido às condições climáticas adversas.
Mais recentemente, a decisão dos EUA, maior consumidor de café do mundo, de impor tarifas de 50% sobre as importações do Brasil impulsionou ainda mais os preços, com torrefadores norte-americanos buscando os estoques existentes no país.
Os preços dos grãos crus representam cerca de 40% do custo de atacado de uma saca de café torrado e moído, em média, o que significa que torrefadores em todo o mundo enfrentarão pressão para aumentar os preços.
A 3corações já havia aumentado os preços dos grãos torrados e moídos em 14,3% em 1º de março, tendo-os aumentado anteriormente em 11% em janeiro e 10% em dezembro. A Melitta aumentou os preços em 25% em dezembro.
Houve uma breve queda nos preços do café no varejo brasileiro em agosto, informou a associação do setor, a Abic, após os preços futuros recuarem em relação ao recorde registrado no início do ano. No entanto, a Abic também projetou à Reuters que a tendência seria revertida com a retomada da alta no preço do grão verde. Isso está acontecendo agora.
Torradores em todo o mundo estão começando a ceder à pressão do aumento de custos, já que consumidores com dificuldades financeiras estão reagindo aos aumentos de preços buscando pechinchas ou optando por marcas de supermercado.