SÃO PAULO (Reuters) - A Verde Agritech (TSX:NPK) anunciou nesta segunda-feira que vai investir 275 milhões de reais para construir, a partir de 2023, a terceira unidade de produção de potássio sem cloro no Brasil, à medida que preços das matéria-primas de fertilizantes estão em alta.
Com a nova fábrica, a companhia terá em 2024 condições de produzir até 16,4% da demanda nacional por potássio, disse a Verde em comunicado nesta segunda-feira.
A empresa já investiu nos últimos anos mais de meio bilhão de reais para produzir o potássio sem cloro em Minas Gerais.
"Espera-se que o capex da Planta 3 seja coberto pelo fluxo de caixa acumulado gerado pelas vendas até o segundo trimestre de 2023, sem necessidade de financiamento de capital ou dívida", informou a empresa sobre a origem do recurso.
A companhia brasileira anunciou no início do mês novas metas de produção de potássio que indicam que a companhia poderá mais que dobrar os volumes em 2022 ante o ano passado, e depois duplicar novamente a extração em 2023.
O documento publicado nesta segunda-feira não cita o guidance.
A empresa, que fechou 2021 com produção de cerca de 400 mil toneladas, previu anteriormente 1 milhão de toneladas para 2022, alta de 300 mil toneladas ante o guidance do início do ano. Para 2023, seriam 2 milhões de toneladas.
O projeto da Verde contempla outras fases de investimento, podendo chegar a 60% de todo potássio que o Brasil necessita, reforçou a companhia.
Atualmente, mais de 96% do cloreto de potássio (KCL) usado nas lavouras brasileiras vêm do exterior, principalmente Canadá, Rússia e Belarus, mas a guerra na Ucrânia elevou os preços diante das preocupações com a oferta.
"O risco da dependência pelo produto importado e a busca por fontes mais sustentáveis para produção de alimentos têm feito com que agricultores brasileiros busquem alternativas mais seguras e viáveis financeiramente para garantir a produção", notou o fundador da Verde Agritech, Cristiano Veloso.
O fertilizante da Verde, além de potássio, ainda possui outros nutrientes em sua composição.
Por ser produzido no Brasil, o produto colocado dentro da fazenda custa 10% menos que o KCL, disse a companhia.
Diferentemente do produto importado, o potássio produzido pela companhia em São Gotardo e Matutina, interior de Minas Gerais, é livre de cloro, o que contribui para melhorar a microbiota do solo. Mas também tem uma concentração menor de potássio que o KCL.
Atualmente, mais de um milhão de hectares são adubados pelo produto da Verde Agritech, por mais de 5 mil agricultores.
(Por Roberto Samora)