Trump diz a Zelenskiy que EUA ajudariam na segurança da Ucrânia em um acordo de paz

Publicado 18.08.2025, 15:41
Atualizado 18.08.2025, 17:30
© Reuters. Trump se reúne com Zelenskiy na Casa Brancan18/08/2025nREUTERS/Kevin Lamarque

Por Andrea Shalal e Max Hunder

WASHINGTON (Reuters) - O presidente norte-americano, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que os Estados Unidos "ajudariam" a Europa a fornecer segurança para a Ucrânia como parte de qualquer acordo para acabar com a guerra da Rússia na Ucrânia, enquanto ele e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, iniciavam uma reunião organizada às pressas para discutir um caminho para a paz.

Mas ele também sugeriu a jornalistas não acreditar mais na obtenção de um cessar-fogo como um pré-requisito necessário para um acordo de paz, apoiando posição defendida pelo presidente russo, Vladimir Putin, mas contestada por Zelenskiy e pela maioria dos líderes europeus.

"Quando se trata de segurança, haverá muita ajuda", disse Trump, acrescentando que os países europeus estariam envolvidos. "Eles são a primeira linha de defesa porque estão lá, mas nós os ajudaremos."

Os dois presidentes responderam às perguntas da imprensa no Salão Oval antes de se reunirem em particular, seis meses depois de seu último encontro no mesmo local terminar em desastre, quando Trump e o vice-presidente JD Vance repreenderam Zelenskiy em uma reunião pública.

Dessa vez, a conversa pareceu muito mais amena, apesar do movimento do presidente dos EUA em direção à Rússia nos últimos dias, após a cúpula no Alasca com Putin. Zelenskiy adotou um tom deferente, expressando gratidão mais de uma vez pelo apoio dos Estados Unidos.

Zelenskiy foi apoiado pelos líderes das potências Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Finlândia, além da União Europeia e da Otan, que viajaram a Washington para demonstrar solidariedade à Ucrânia e pressionar por fortes garantias de segurança para o país em qualquer acordo pós-guerra.

Após a conversa individual, Trump e Zelenskiy fizeram uma aparição conjunta com líderes europeus antes de uma conversa multilateral.

Zelenskiy descreveu a conversa individual como "muito boa" e disse que eles haviam falado sobre a importância das garantias de segurança dos EUA para a Ucrânia.

"Isso é muito importante, o fato de os Estados Unidos darem um sinal tão forte e estarem prontos para as garantias de segurança", disse Zelenskiy.

Trump disse que ele e Zelenskiy cobriram "muito território" durante sua discussão. Ele também propôs novamente uma cúpula tripartite entre Putin, Zelenskiy e ele próprio com o objetivo de chegar a um acordo de paz, que Zelenskiy disse que apoiaria.

Putin não se comprometeu publicamente com essa reunião, embora Trump tenha dito várias vezes acreditar que Putin quer acabar com a guerra. Trump relatou que havia conversado com Putin nesta segunda-feira e que também ligaria para ele após as conversas.

Trump pressiona por um fim rápido para a guerra mais mortal da Europa em 80 anos, e Kiev e seus aliados temem que ele possa tentar forçar um acordo nos termos da Rússia após a última sexta-feira no Alasca, quando o presidente estendeu o tapete vermelho -- literalmente -- para Putin, que enfrenta um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra.

Trump disse no Salão Oval que gostava do conceito de um cessar-fogo, mas que eles poderiam trabalhar em um acordo de paz enquanto os combates continuassem.

"Eu gostaria que eles pudessem parar, gostaria que eles parassem", disse. "Mas, estrategicamente, isso poderia ser uma desvantagem para um lado ou para o outro."

Em aparição posterior, o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Friedrich Merz rejeitaram a sugestão.

"Não consigo imaginar que a próxima reunião seja realizada sem um cessar-fogo", disse Merz. "Portanto, vamos trabalhar nesse sentido e tentar pressionar a Rússia."

SAUDAÇÃO CALOROSA

Trump cumprimentou Zelenskiy calorosamente do lado de fora da Casa Branca, expressando sua admiração pelo terno preto de Zelenskiy, que destoa de suas típicas roupas militares.

Quando um repórter perguntou a Trump qual era sua mensagem para o povo da Ucrânia, ele disse: "Nós os amamos".

Zelenskiy agradeceu, e Trump colocou a mão nas costas de Zelenskiy em uma demonstração de afeto antes dos dois entrarem no Salão Oval.

Trump rejeitou as acusações de que a cúpula do Alasca configurou uma vitória para Putin, que enfrenta isolamento diplomático desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.

A equipe de Trump disse que terá de haver concessões de ambos os lados para acabar com o conflito. Mas o próprio presidente colocou o ônus sobre Zelenskiy para acabar com a guerra, dizendo que a Ucrânia deveria desistir das esperanças de recuperar a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, ou de se juntar à aliança militar da Otan.

Zelenskiy "pode acabar com a guerra com a Rússia quase imediatamente, se quiser, ou pode continuar a lutar", disse Trump nas redes sociais.

Zelenskiy já rejeitou praticamente todas as linhas gerais das propostas de Putin na reunião do Alasca. Essas propostas incluem a entrega do quarto restante de sua região oriental de Donetsk, que é amplamente controlada pela Rússia. As forças ucranianas estão profundamente entrincheiradas na região, cujas cidades e colinas servem como uma zona defensiva crucial para impedir os ataques russos.

Qualquer concessão de território ucraniano teria que ser aprovada por um referendo.

A Ucrânia e seus aliados se animaram com alguns tópicos, incluindo a aparente disposição de Trump em fornecer garantias de segurança pós-assentamento para a Ucrânia, embora os detalhes ainda não estejam claros.

A guerra, que começou com uma invasão em grande escala pela Rússia em fevereiro de 2022, matou ou feriu mais de um milhão de pessoas de ambos os lados, incluindo milhares de civis ucranianos, de acordo com analistas, e destruiu grandes áreas do país.

A Rússia vem avançando lentamente no campo de batalha, explorando suas vantagens em termos de homens e poder de fogo. Putin diz que está disposto a continuar lutando até que seus objetivos militares sejam alcançados.

(Reportagem de Max Hunder, Tom Balmforth, Trevor Hunnicutt, Sabine Wollrab, Vitalii Hnidyi, Tim Kelly, Fabian Hamacher, Ludwig Burger, Anita Komuves)

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