Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou nesta quarta-feira a antecipação do depoimento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), após operação da Polícia Federal nesta manhã, e também avisou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deverá ser ouvido novamente pela comissão na próxima terça-feira.
Originalmente, Lima, primeiro governador a prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito, iria à CPI no dia 29. Agora, ele será ouvido pelos senadores na próxima quinta-feira.
Mais cedo, a PF deflagrou operação no Amazonas para cumprir seis mandados de prisão e 19 de busca e apreensão no âmbito de investigação sobre suspeita de fraudes e superfaturamento em contratos voltados para o enfrentamento à Covid-19 em um dos Estados mais afetados pela doença no país. O governador foi um dos alvos da operação.
A PF informou em nota que há indícios que a cúpula do governo estadual teria orientado funcionários do alto escalão da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas a realizar contratação fraudulenta de hospital de campanha para favorecer grupo de empresários locais.
Suspeitas de desvios de recursos enviados pelo governo federal aos Estados para enfrentar a pandemia também estão sob investigação da CPI da Covid no Senado.
Na última semana, a CPI aprovou convocação de nove governadores e do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, apesar das dúvidas regimentais sobre a competência do Senado para convocar governadores de Estado.
Além de Lima, foram convocados Helder Barbalho (MDB), do Pará; Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina; Antonio Denarium (sem partido), de Roraima; Valdez Góes (PDT), do Amapá; Marcos Rocha (PSL), de Rondônia; Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; Mauro Carlesse (PSL), do Tocantins; e Wellington Dias (PT), do Piauí, assim como Witzel.
Senadores optaram por levar à CPI governadores de Estados onde ocorreram operações da Polícia Federal por suspeitas de desvios de recursos federais para combate à pandemia de Covid-19.
CRONOGRAMA
Na terça-feira, senadores devem ouvir novamente o ministro da Saúde. Quando depôs pela primeira vez, Queiroga se esquivou de falar diretamente sobre a cloroquina e também evitou comprometer o presidente Jair Bolsonaro. Afirmou, na ocasião, ter autonomia para conduzir a pasta, mas declarações da médica Luana Araújo nesta quarta-feira, dão indícios, segundo senadores, da ingerência do Palácio do Planalto no ministério.
Araújo foi escolhida para uma secretaria especial de combate à Covid-19 do Ministério da Saúde por Queiroga, e contou aos senadores que chegou a trabalhar por 10 dias mesmo sem ser nomeada, até ser dispensada. Na fala desta quarta-feira, Araújo relatou ter sido informada pelo ministro que, apesar do convite, não poderia ser nomeada porque não tinha sido aprovada pelo Palácio do Planalto.
O calendário de depoimentos da próxima semana inclui ainda audiência com o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco, na quarta-feira. Na quinta, será ouvido o governador do Amazonas.