BRASÍLIA (Reuters) - A CPI da Covid aprovou nesta terça-feira as convocações do ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco e do secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, Hélio Angotti Neto, para prestar depoimentos.
Franco, que é coronel do Exército, e Angotti são apontados como os principais envolvidos nas negociações de aquisições de vacinas no país. As datas para os depoimentos ainda não foram marcadas.
Angotti, que assumiu o cargo no ano passado, com Eduardo Pazuello, foi mantido pelo atual ministro, Marcelo Queiroga. Ele é o responsável pela negociação, aprovação e aquisição de todos os medicamentos que passam pelo Ministério da Saúde.
Como mostrou a Reuters, Angotti foi ganhando influência no governo ao defender políticas questionáveis contra a Covid-19, mas que agradam o presidente Jair Bolsonaro. Oftalmologista, o secretário se dedicou a defesa do chamado "tratamento precoce", com o uso de cloroquina, e críticas ao distanciamento social e uso de máscaras.
Cabia a Angotti também a negociação com as farmacêuticas para compra de vacinas pelo país. De acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, o secretário recebia os laboratórios, negociava, e repassava as informações a Élcio Franco, que então levava ao então ministro Pazuello.
Franco, braço direito de Pazuello, chegou a participar de reuniões com a Pfizer (NYSE:PFE), de acordo com o depoimento do ex-secretário de comunicação da Presidência Fábio Wajngarten. Apesar de ter começado as conversas com o governo brasileiro em meados de 2020 e ter apresentado a primeira proposta em uma carta em setembro, as ofertas da Pfizer foram ignoradas até o início deste ano.
Procurados, Franco, Angotti e o Ministério da Saúde não comentaram até o momento as convocações pela CPI.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edição de Pedro Fonseca)