Por Andy Sullivan
WASHINGTON (Reuters) - Uma análise da Reuters pode ajudar a explicar por que a reação dos Estados Unidos à pandemia de coronavírus se divide em função do alinhamento partidário: a taxa de mortalidade em áreas democratas é três vezes maior do que nas republicanas.
Até quarta-feira, condados norte-americanos que votaram na democrata Hillary Clinton na eleição presidencial de 2016 relataram 39 mortes de coronavírus para cada 100 mil habitantes, de acordo com uma análise de dados de demografia e de saúde pública.
Em condados que votaram no republicano Donald Trump, 13 de cada 100 mil habitantes morreram do vírus.
O impacto desigual reflete o fardo desproporcional que a doença infecciosa tem tido em cidades densamente povoadas de inclinação democrata, como Nova York. Áreas rurais e subúrbios afastados que normalmente apoiam republicanos não têm sofrido um impacto tão direto.
O padrão se estende para além de Nova York, o epicentro do surto no país. Coletivamente, condados democratas de 36 dos 50 Estados relataram taxas de mortalidade maiores do que condados republicanos.
Em Maryland, onde a doença já matou mais de duas mil pessoas, a taxa de mortalidade nos subúrbios democratas de Washington é quatro vezes maior do que nos condados conservadores.
No Kansas, que relatou 152 fatalidades, a taxa de mortalidade é sete vezes superior nos dois condados que apoiaram Hillary do que no resto do Estado.
Há exceções. Condados republicanos relataram uma taxa de mortalidade mais alta em Delaware, Nebraska e Dakota do Sul, onde a doença avançou nas fábricas de processamento de carne. Condados republicanos também foram mais atingidos em Montana, New Hampshire, Novo México, Dakota do Norte e Texas, onde as taxas estão muito abaixo da média nacional.
Atitudes partidárias refletem a polarização geográfica. Uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada com 1.115 adultos na terça e quarta-feiras apontou que quase metade dos democratas estão "muito preocupados" com o vírus, mas só um terço dos republicanos.
Outras sondagens mostraram os republicanos mais ansiosos para suspender as restrições adotadas para refrear o coronavírus no país, que lidera o mundo com mais de 92 mil mortes e 1,54 milhão de infecções.
O contraste é especialmente acentuado no Michigan, onde caminhões refrigerados armazenam cadáveres nos estacionamentos de hospitais de Detroit enquanto homens armados protestam contra as restrições aos negócios no Capitólio estadual. Xerifes de vários condados de inclinação republicana disseram que não punirão empresas que desafiarem as regras impostas pela governadora democrata Gretchen Whitmer.
(Reportagem adicional de Grant Smith)