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ENTREVISTA-SP garantirá vacinação contra Covid-19 no Estado se governo federal virar as costas, diz Doria

Publicado 28.08.2020, 19:26
© Reuters. Governador de SP, João Doria, segura caixa da possível vacina para Covid-19 desenvolvida pela Sinovac em parceira com o Instituto Butantan

Por Eduardo Simões e Stephen Eisenhammer

SÃO PAULO (Reuters) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou em entrevista à Reuters, nesta sexta-feira, que o governo paulista vai garantir a vacinação da população do Estado com a possível vacina contra Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac Biotech, se o governo federal virar as costas para São Paulo.

Doria ressaltou que o plano de vacinação contra a Covid-19 deveria ser federal, como ocorre anualmente com a vacina contra a gripe, que é disponibilizada pelo Ministério da Saúde por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), mas disse que seu governo estará pronto se algo diferente disso acontecer.

"Esse é o formato do Sistema Único de Saúde e é o que esperamos e desejamos. E é o correto. Mas estaremos preparados se houver alguma situação em que o governo federal, por alguma circunstância gravíssima de atitude, vire as costas para São Paulo, os brasileiros de São Paulo terão a vacina", disse Doria em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

O Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, participa atualmente do desenvolvimento de uma vacina em parceira com a Sinovac Biotech. A possível vacina já está sendo testada no Brasil em humanos na Fase 3 -- a última antes do pedido de aprovação aos órgãos reguladores.

Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro, adversário político de Doria, ironizou a candidata a vacina chinesa que está sendo testada pelo Butantan, referindo-se a ela como "a vacina daquele outro país". Na ocasião, o presidente afirmou confiar na eficácia da potencial vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, com a farmacêutica britânica AstraZeneca.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao governo federal, assinou acordo para obter a vacina britânica e receberá recursos federais para futuramente produzir este imunizante no Brasil. No total, o governo federal separou 1,9 bilhão de reais para compra e produção local do imunizante de Oxford.

Doria disse na entrevista à Reuters que o Butantan também espera receber recursos do Ministério da Saúde para a vacina chinesa, e lembrou que o instituto paulista já fornece vacinas para o SUS.

"Nós não queremos ter mais, nós não queremos ter menos e nem queremos tirar recursos da Fiocruz. Nós entendemos que é justo que o Butantan tenha também, porque o Brasil vai precisar de duas, três, talvez até quatro vacinas para fazer a imunização de todos os brasileiros. Então não é uma corrida pela vacina, é uma corrida pela vida", disse Doria.

Nesta semana, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, e o presidente do Butantan, Dimas Covas, estiveram em Brasília onde se reuniram com o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, para tratar de recursos federais para a vacina chinesa.

Em entrevista coletiva mais cedo no Palácio dos Bandeirantes, Covas classificou o encontro com Pazuello como de "alto nível". Segundo ele, são necessários 85 milhões de reais para acelerar os testes com a vacina e 60 milhões de reais para apoiar o processo de reestruturação de uma fábrica do Butantan para produzir o imunizante. Ele disse que esses dois pleitos foram "inicialmente acatados" pelo ministério.

PIOR JÁ PASSOU

Seis meses após o primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil, que aconteceu em São Paulo, Doria disse que a pandemia está em declínio no Estado após semanas seguidas de queda nos indicadores da pandemia.

"Em São Paulo, o pior já passou, isso eu posso afirmar. Nós estamos já na quarta semana em declínio. É um declínio suave, mas contínuo", disse Doria.

Com 796.209 casos confirmados e 29.694 mortes pela Covid-19, São Paulo é o Estado com maior número de infecções e óbitos pela pandemia no Brasil. Nacionalmente, são 3.804.803 casos e 119.504 mortes até esta sexta.

Doria justifica a posição do Estado pelo seu tamanho e de sua população, cerca de 46 milhões de habitantes, a maior entre os 26 Estados e o Distrito Federal. Lembra, ainda, que o Estado é uma da principais portas de entrada do país por portos --como o de Santos-- e aeroportos --como os de Guarulhos e de Viracopos, em Campinas.

O governador, que foi diagnosticado com a doença e cumpriu 10 dias de isolamento para recuperação, mesmo assintomático, afirma também que o que chama de "negacionismo" de Bolsonaro atrapalhou na conscientização da população para combater a pandemia.

"Dado o fato de que também temos no país um líder que é negacionista, ou seja, que continua negando que o vírus é grave, que é uma pandemia, que não usa máscara, que promove aglutinações, que não usa álcool gel, que não faz nenhuma recomendação de distanciamento, que condenou o isolamento e ainda promove cloroquina, tudo isso dificultou muito, não só para o Estado de São Paulo, mas para todos os Estados, todos os governadores", disse.

© Reuters. Governador de SP, João Doria, segura caixa da possível vacina para Covid-19 desenvolvida pela Sinovac em parceira com o Instituto Butantan

"Esse foi um fator que contribuiu, no caso de São Paulo, para dificultar que chegássemos ao platô, mantivéssemos e agora nessa fase de decrescimento. Para cada informação da ciência dada aqui e em respeito à orientação da saúde, vinha do governo federal o oposto."

(Reportagem adicional de Leonardo Benassatto)

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