Por Jonnelle Marte e Howard Schneider
(Reuters) - A economia dos Estados Unidos estava em ritmo forte antes da pandemia de coronavírus e o Federal Reserve está trabalhando para ajudar em uma recuperação rápida assim que as empresas fechadas por causa do vírus começarem a reabrir, afirmaram nesta sexta-feira dois membros do banco central norte-americano.
Os números econômicos podem ficar "muito feios" no curto prazo por causa da interrupção das atividades, mas os formuladores de políticas estão fazendo o possível para apoiar as empresas e os consumidores mais afetados, disse a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester.
"O que a política pública precisa fazer, e isso inclui o Fed, é ajudar a garantir que a paralisação da atividade que está sendo sentida não cause danos duradouros à economia", afirmou Mester, durante um fórum virtual organizado pelo City Club of Cleveland. "E garantir que prestemos ajuda e alívio aos funcionários e trabalhadores e às empresas que estão sofrendo o impacto dessa paralisação".
Quase 17 milhões de norte-americanos pediram auxílio-desemprego nas últimas três semanas, de acordo com dados divulgados na quinta-feira pelo Departamento do Trabalho, revelando a escala do choque que reverbera na economia dos EUA, à medida que empresas em todo o país fecham para diminuir a propagação do vírus.
A economia norte-americana "foi colocada em hibernação. Sua temperatura foi reduzida. Ela pode ser reavivada sem danos permanentes", disse o vice-chair do Federal Reserve, Randal Quarles, em uma apresentação na web organizada pela Universidade de Utah. "As medidas que tomamos em conjunto com o Tesouro e as medidas adicionais implementadas pelo Congresso foram projetadas para garantir que possamos passar pelo período de hibernação com o mínimo de danos, e acredito que faremos isso."
O Congresso e o Fed agiram rapidamente ao longo de algumas semanas para aprovar trilhões de dólares em benefícios e empréstimos destinados a alcançar todos os lares e empresas do país. As autoridades do Fed reduziram as taxas a zero, lançaram compras de títulos em aberto e introduziram um conjunto de ferramentas de empréstimos de emergência.
A implementação de alguns dos programas de ajuda federal, no entanto, tem sido difícil. Os sistemas estatais de auxílio-desemprego têm se esforçado para processar reivindicações de milhões de recém-desempregados, e a Agência de Pequenas Empresas ficou sobrecarregada com solicitantes de empréstimos para pequenas empresas.
Nesta sexta-feira, Mester disse que o processo de retorno ao trabalho será determinado pelas autoridades de saúde e que precisará acontecer em etapas. Até então, o Fed está trabalhando para garantir que os mercados funcionem sem problemas e que as famílias e empresas que precisam de crédito possam acessá-lo, afirmou.
Quarles, por sua vez, disse que provavelmente levará duas a três semanas para que o novo programa de empréstimos "Main Street" do Fed, que oferecerá empréstimos a empresas de médio porte, esteja em funcionamento.
"Estamos montando os mecanismos para que esse crédito seja distribuído pelos bancos", afirmou Quarles sobre o programa de 600 bilhões de dólares em empréstimos disponíveis para empresas de médio porte. Os detalhes finais virão "provavelmente daqui a duas a três semanas", acrescentou.