Por Angeliki Koutantou e Alkis Konstantinidis
LESBOS, Grécia (Reuters) - Milhares de imigrantes desabrigados perambulavam pela ilha grega de Lesbos nesta quarta-feira depois de fugirem de incêndios surgidos de madrugada que arrasaram seu acampamento superlotado, e autoridades temem que alguns postulantes a asilo que foram diagnosticados com Covid-19 disseminem o vírus.
Uma autoridade grega de alto escalão disse que o acampamento de Moria, que abriga mais de 12 mil pessoas, "provavelmente foi totalmente destruído". Atenas declarou um estado de emergência em Lesbos e enviou reforço policial à ilha, localizada perto da Turquia, para ajudar a manter a ordem.
O vice-ministro da Migração, George Koumoutsakos, disse que cerca de 3 mil imigrantes e refugiados serão abrigados temporariamente em barracas enquanto o governo se empenha em encontrar um abrigo alternativo para os imigrantes, alguns dos quais estão acampados em locais próximos no momento.
Ainda não se conhece a causa dos incêndios, mas autoridades estão investigando se foram provocados deliberadamente.
O fogo irrompeu pouco depois da meia-noite, e ao amanhecer desta quarta-feira a maioria do acampamento era uma massa fumegante de contêineres e barracas queimados. Algumas pessoas vasculhavam os destroços em busca de seus pertences.
O paradeiro de cerca de 35 imigrantes que foram diagnosticados com Covid-19 nesta semana é desconhecido. Na semana passada, o acampamento foi submetido a uma quarentena porque um postulante a asilo teve um exame positivo.
"Não havia só um, mas muitos incêndios no acampamento. Os imigrantes atiraram pedras nos bombeiros que tentavam apagar os incêndios. A causa está sob investigação", disse Constantine Theophilopoulos, chefe do corpo de bombeiros do norte do Egeu, à ERT TV.
Relatos iniciais levam a crer que os incêndios irromperam em locais diferentes do amplo acampamento depois que as autoridades tentaram isolar alguns indivíduos diagnosticados com Covid-19.
"O acampamento foi esvaziado. Todas estas pessoas estão na estrada nacional na direção (da cidade) de Mytilini", disse Panagiotis Deligiannis, uma testemunha de Moria. "Há policiais que não os estão deixando passar."
Grupos humanitários criticam há tempos as condições do acampamento, que contém quatro vezes mais pessoas do que sua capacidade, e dizem que é impossível implantar o distanciamento social e medidas de higiene básicas no local.
(Reportagem adicional de Elias Marcou e Giorgos Moutafis)