Por Jan Strupczewski e Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - Os ministros das Finanças da União Europeia (UE) concordaram nesta quinta-feira com um suporte financeiro equivalente a 500 bilhões de euros a suas economias atingidas pelo coronavírus, após semanas de disputas que expuseram divisões dolorosas no bloco, que caminha para uma forte recessão.
A Alemanha, potência da UE, assim como a França, colocam os pés no chão para acabar com a oposição da Holanda sobre a fixação de condições econômicas ao crédito de emergência para governos que enfrentam os impactos da pandemia e após garantias para a Itália de que o bloco mostraria solidariedade.
Mas o acordo não menciona a emissão conjunta de dívida para financiar a recuperação - algo que Itália, França e Espanha pedem fortemente, mas que é um sinal de alerta para a Alemanha, Holanda, Finlândia e Áustria.
O acordo apenas questiona os 27 líderes nacionais do bloco se "instrumentos financeiros inovadores" devem ser usados.
O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, disse que a Europa tem concordado com o plano econômico mais importante de sua história.
Mais cedo nesta quinta-feira, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, alertou que a própria existência da UE estaria ameaçada se não pudesse se unir para combater a pandemia.
Há semanas, países membros da UE têm lutado para apresentar uma frente unida diante da pandemia, discutindo sobre dinheiro, equipamentos médicos, restrições de fronteiras e comerciais, em meio a complexas discussões que mostraram divisões amargas.
SOLIDARIEDADE
A chanceler alemã, Angela Merkel, conversou por telefone com Conte e o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, abrindo caminho para o acordo, que agora será assumido pelos líderes em uma videoconferência nos próximos dias.
Merkel disse que ela e Conte concordam com a "necessidade urgente de solidariedade na Europa, que está passando por uma de suas horas mais difíceis, se não a mais difícil".
"A Alemanha está pronta para essa solidariedade e comprometida com ela", disse ela.
Merkel deixou claro que Berlim não concorda com dívidas emitidas em conjunto, mas disse que outras vias financeiras estavam disponíveis.
Autoridades disseram que Merkel também pediu a Rutte que pare de obstruir o acordo, com o objetivo de fornecer uma rede de segurança para governos, empresas e pessoas contra a profunda recessão que a pandemia deve causar neste ano.
"A sensação na Alemanha é que todo mundo já se portou o suficiente para seu público doméstico. É hora de se reunir", afirmou um alto funcionário da UE em Bruxelas.
Até o momento, houve discussões consolidadas entre o norte, mais conservador fiscalmente, e o sul, endividado e mais atingido pela pandemia.
O pacote eleva a resposta fiscal total da UE à epidemia para 3,2 trilhões de euros, a maior do mundo.
Isso inclui o acesso barato a crédito do fundo de resgate da zona do euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM), mais garantias para o Banco Europeu de Investimento ampliar crédito a empresas e um esquema para subsidiar salários para que empresas possam reduzir horas de trabalho, em vez de demitir.