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Sob pressão de CPI, Bolsonaro faz balanço na TV de ações na pandemia e destaca vacinas

Publicado 02.06.2021, 21:05
Atualizado 02.06.2021, 22:00
© Reuters. 01/06/2021
REUTERS/Ueslei Marcelino
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Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional nesta quarta-feira para fazer um balanço das ações do governo federal na pandemia, destacando medidas econômicas e o acordo de transferência de tecnologia para a produção da vacina AstraZeneca (LON:AZN) no país, além de criticar, de forma indireta, as medidas de restrição para conter a Covid-19.

"O nosso governo joga dentro das quatro linhas da Constituição, considera o direito de ir e vir, o direito ao trabalho e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis", disse o presidente.

Durante o curto pronunciamento, de cerca de cinco minutos, foram registrados panelaços em diversas cidades brasileiras, como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, mostrando o desgaste do presidente, que também está sob pressão na CPI da Covid no Senado.

Em sua fala, o presidente disse sentir profundamente cada vida perdida no país, mas exaltou o fato de que já se alcançou 100 milhões de doses de vacina distribuídas a Estados e municípios.

"Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa", prometeu ele, em meio a críticas ao governo quanto à lentidão na vacinação e no dia em que o próprio Ministério da Saúde reduziu a projeção de doses contra Covid-19 prevista para junho.

Bolsonaro ressaltou a assinatura do acordo de transferência de tecnologia no Brasil entre a AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que vai permitir a produção integral da vacina do laboratório no país, reforçando sua mudança de postura em relação às vacinas contra a Covid-19. Várias vezes o presidente minimizou a importância e eficácia dos imunizantes na pandemia.

CRÍTICA INDIRETA

O presidente disse que o governo dele não obrigou ninguém a ficar em casa e não foi responsável por fechar comércio, igrejas ou escolas, em uma crítica indireta a medidas adotadas por governadores e prefeitos para tentar frear a doença. Destacou também que "não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais".

"Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea", afirmou.

Ao elencar as medidas econômicas adotadas, Bolsonaro afirmou que no ano passado foram destinados 320 bilhões de reais para o auxílio emergencial, valor esse que, segundo ele, daria para custear por 10 anos o Bolsa Família, programa criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente tem feito recorrentemente essa afirmação como forma de se contrapor ao petista, que apareceu na frente em recentes pesquisas de opinião sobre a corrida eleitoral de 2022.

PIB E COPA AMÉRICA

Sem falar dos milhões de pessoas sem ocupação formal, Bolsonaro exaltou a criação de empregos e listou uma série de realizações, como a projeção de um crescimento de 4% do PIB para este ano, o recorde da Bolsa de Valores, o fortalecimento do real, o avanço em agendas econômicas no Congresso, além do avanço "no difícil processo de privatizações".

O presidente citou novamente que o país vai sediar a Copa América, polêmica decisão para se realizar o torneio de futebol continental mesmo em meio a elevado número de casos e mortes por Covid-19. A Colômbia e a Argentina declinaram de realizar o evento conjuntamente.

"Seguindo o mesmo protocolo da Copa Libertadores e Eliminatórias da Copa do Mundo, aceitamos a realização, no Brasil, da Copa América", disse.

ATRASO

© Reuters. 01/06/2021
REUTERS/Ueslei Marcelino

Em nota conjunta, a cúpula da CPI da Covid no Senado e outros integrantes da comissão disseram que a inflexão de Bolsonaro em celebrar vacinas contra Covid "vem com um atraso fatal e doloroso".

"O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de ‘gripezinha’", disse a manifestação

"Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável. A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer (NYSE:PFE) no meio do ano passado", reforçou.

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