Por Gabrielle Tétrault-Farber e Leroy Leo
GENEBRA (Reuters) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta segunda-feira o uso de uma segunda vacina contra a malária para impedir a disseminação da doença, potencialmente mortal, e que é passada para humanos por meio de mosquitos. “Há quase exatos dois anos, a OMS recomendou o uso amplo da primeira vacina contra a malária, chamada RTS,S,”, disse o chefe da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em Genebra.
"Hoje, é meu prazer anunciar que a OMS está recomendando uma segunda vacina, chamada R21/Matrix-M, para prevenir a malária em crianças no grupo de risco da doença", acrescentou.
A R21/Matrix-M, desenvolvida pela universidade britânica de Oxford, estará disponível para os países em meados de 2024, disse Tedros, acrescentando que o custo da vacina estará entre 2 e 4 dólares.
“A OMS agora está revisando o imunizante para pré-classificação, que é nosso selo de aprovação, e vai possibilitar que a Gavi (uma aliança global de vacinas) e o Unicef comprem doses dos fabricantes”, afirmou.
A R21/Matrix-M é fabricada em massa pelo Serum Institute of India, e usa o adjuvante Matrix M, da Novavax (NASDAQ:NVAX). Adar Poonawalla, presidente-executivo do Instituto Serum da Índia, afirmou que já produziu mais de 20 milhões de doses, antecipando-se à recomendação da OMS.
“Vamos aumentar (a produção) de acordo com as exigências da demanda”, afirmou. “Esperamos que, ao fim de 2024, não haja incompatibilidade entre a demanda e a oferta, quando nossa oferta entrar no sistema.”
A vacina vai competir com a RTS,S, da GSK, que foi recomendada pela agência da ONU em 2021, com o nome de Mosquirix.
A OMS informou que as vacinas tiveram eficácia similar nos testes, mas que não houve um confronto para saber qual delas é melhor. Os países deverão decidir qual produto comprarão, levando em consideração o preço e a oferta.
“A GSK sempre reconheceu a necessidade de uma segunda vacina contra a malária, mas está cada dia mais evidente que a RTS,S, primeiro imunizante da história contra a malária e também o primeiro contra um parasita humano, estabeleceu-se como uma forte referência”, disse a GSK em comunicado.
Tedros Adhanom também afirmou que a agência recomendou a vacina contra a dengue fabricada pela Takeda Pharmaceuticals para todas as crianças de 6 a 16 anos e que vivem em regiões cuja infecção é um problema de saúde pública.
Nos testes, a vacina mostrou eficácia contra todos os quatro tipos de vírus em pessoas que já tinham sido infectadas pela dengue, afirmou Hanna Nohynek, chair do conselho de especialistas da OMS para imunização.
Ela afirmou que há uma dúvida, porém, sobre a eficácia contra os tipos 3 e 4 em pessoas que nunca foram infectadas.
(Reportagem de Gabrielle Tétrault-Farber em Genebra e Leroy Leo em Bangalore)