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Presidente não me obrigou a tomar decisões, diz Pazuello

Publicado 20.05.2021, 14:34
© Reuters. 20/05/2021
REUTERS/Adriano Machado

Por Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - Ao mesmo tempo em que negou ter sofrido qualquer pressão do presidente Jair Bolsonaro em sua condução à frente do Ministério da Saúde, o ex-ministro Eduardo Pazuello afirmou nesta quinta-feira à CPI da Covid do Senado que as decisões da pasta eram tomadas, em sua maioria, de forma compartilhada com os níveis de governo estadual e municipal.

Em ocasiões diferentes pressionado sobre as posições de Bolsonaro contra as medidas restritivas de circulação de pessoas impostas por governadores, declarações contrárias ao uso de máscaras, recomendando o uso da cloroquina ou questionando a eficiência das vacinas, Pazuello sustentou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que o presidente não o obrigou a tomar decisões na época em que esteve à frente da pasta.

"Eu não tomei decisões sozinho lá no Ministério da Saúde, quando eu estava lá. As decisões eram pactuadas, isso quer dizer, discutidas, de uma forma clara e objetiva e técnica com os executivos do Conass e do Conasems. Então, exclusivamente falando deste flanco que é a saúde, ele é tratado dessa forma", disse o ex-ministro.

"E posso afiançar também ao senhor e a todos os senadores: sim, eu tive liberdade de tomar, no que tange à minha parte das decisões, a liberdade de tomar as decisões. Agora, as demais frentes para a pandemia, elas são realmente conduzidas por outras pessoas", avaliou.

Pazuello, que disse não considerar as declarações do presidente e posições explicitadas em redes sociais como orientações para sua atuação na pasta, reconheceu que "todo o contexto" era analisado para a tomada de decisões.

O ex-titular da pasta relatou conversas semanais ou quinzenais com Bolsonaro, ocasiões em que apresentava "quadros" da pandemia.

© Reuters. 20/05/2021
REUTERS/Adriano Machado

Também afirmou assim como não se sentia obrigado, também não entendeu que Bolsonaro proibisse suas ações.

Mas pelo menos em uma ocasião o ministro foi publicamente desautorizado pelo presidente da República. Em outubro do ano passado, após reunião com 27 governadores, o então ministro anunciou a assinatura de protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da CoronaVac, que à época passava por testes no Brasil liderados pelo Instituto Butantan, do governo de São Paulo.

No dia seguinte, no entanto, Bolsonaro desautorizou Pazuello e afirmou, em publicação no Facebook, que a vacina não seria comprada, em resposta a apoiador que criticava a origem chinesa do imunizante. Em outra publicação na rede social, o presidente apontou que o imunizante ainda não contava com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e disse que "o povo brasileiro não será cobaia de ninguém".

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